Violência – Adolescente gravou próprio estupro e expôs suposto esquema de exploração sexual comandado por alemão no Norte do Brasil
Uma adolescente de 15 anos gravou o próprio estupro e expôs um suposto esquema de exploração sexual de menores comandado por um alemão no Amazonas. A história foi contata pelo Fantástico, no domingo (21), pela Rede Globo. O estupro foi cometido pelo empresário alemão Wolfgang Brog, de 75 anos. Com a mãe presa e o pai já falecido, a menina foi morar com a tia aos 5 anos, mas voltou a morar com a mãe quando essa foi solta pela Justiça.
Começou, a partir desse momento, o ciclo de abusos. Segundo informações da polícia, a mãe, a tia e o alemão agiam juntos na exploração da menor no Amazonas. “Eu tinha 6 anos, quando ele começou a passar a mão em mim e me abusar. Ele passava a mão em mim, quando eu estava dormindo. Ficava com medo”, relatou a vítima.
Grande esquema
A denúncia da adolescente revelou à polícia do Amazonas um suposto grande esquema de prostituição de crianças e adolescentes. O alemão parece ter usado os rios da região para transportar menores de idade até uma pousada no meio da floresta amazônica.
Nesta pousada, as meninas seriam oferecidas aos hóspedes. Uma mulher de 31 anos afirma que também foi estuprada pelo alemão desde os 12 anos de idade.
Wolfgang Brug, no entanto, conseguiu fugir para a Alemanha em abril deste ano. No Brasil, ele é considerado foragido e pode ser preso se voltar ao país. A mãe da menina também tentou fugir, pediu ajuda financeira ao alemão, mas com a negativa, acabou presa.
Delegada do caso
Segundo a delegada do caso, Joyce Coelho, titular da unidade especializada, a operação teve intuito de cumprir dois mandados de prisão contra a mulher, e também de um estrangeiro, que está foragido. A mãe exploraria sexualmente a filha em troca de dinheiro, presentes além de outros bens materiais.
“O caso trata-se de uma exploração de comércio onde há uma troca por parte de quem oferece e da pessoa que comete o delito. Além da mãe da vítima, outros membros da família também tiravam vantagem da situação”, informou Joyce.
Conforme a delegada, a vítima tentou informar diversas vezes a sua família paterna, mas como em outros casos, não foi dada atenção necessária. Segundo o titular da Depca, é muito comum pensarem que o que está sendo dito pela vítima não seja verdade, tanto é que neste caso, a adolescente precisou gravar o momento do crime.
Durante a ação policial na casa da infratora, no bairro Colônia Terra Nova, zona norte de Manaus, foram apreendidos aparelhos celulares, notebooks, computadores, além de objetos de cunho sexual que eram usados nos atos libidinosos.
Casos de tortura e execução de criança
A investigação de uma chacina cometida por policiais militares no Amazonas aponta a realização de uma operação de extermínio, com execuções, vítimas metralhadas, tortura de criança e adolescente e asfixiamento com sacos plásticos. A Polícia Federal concluiu o relatório em abril deste ano com indiciamento do coronel da PM Louismar Bonates , ex-secretário de segurança pública amazonense, e do ex-comandante geral da PM do estado Ayrton Ferreira do Norte, o primeiro acusado de ordenar e viabilizar a operação e o segundo de comandá-la.
As investigações continuam. A nota emitida pelo governo do AM diz: “A Secretaria de Segurança Pública esclarece que a operação oficial da PM foi deflagrada depois que dois PMs foram assassinados a tiros no local por traficantes que subjugavam a comunidade; estamos colaborando com a investigação e temos certeza de que, ao final a justiça vai prevalecer”.
Especialista
A assistente social Ana Paula Angiole, especialista no tema, falou sobre o assunto: “A violência contra a criança e o adolescente no nosso estado é algo que ocorre corriqueiramente, não tem um cuidado, uma proteção, mas há uma naturalização dessa violência e, quando se olha para a violência sexual, acaba sendo banalizado, quando se trata do abuso sexual, ele vai ganhar uma notoriedade maior em comparação à exploração sexual. O abuso chama uma atenção maior de revolta e tudo mais, mas, quando entra na questão da exploração, há uma banalização desse processo na região, porque se furtem no imaginário que as meninas e meninos, porque é importante salientar que os meninos também estão nesse processo, eles vão, porque querem uma vida fácil, ganhar dinheiro fácil, porém não se há um olhar para uma rede, uma teia muito bem jogada dentro das nossas florestas, dentro dos nossos municípios, dentro da nossa cidade que levam esses meninos e meninas, que obrigam. Se não houver um interesse das autoridades e um despertar da consciência da população para cuidar dos nossos meninos e meninas, nós vamos continuar vendo no seio da nossa floresta, casas como essa, porque se impõe um poder, que poder? O econômico, nossas famílias ribeirinhas vivem em processo de vulnerabilidade, ausência e abandono do poder público, da segurança pública. “
- Por July Barbosa.
- Foto: Divulgação.
- Ilustração: Marcus Reis.