quinta-feira, julho 4, 2024

Terapia celular levou à remissão total de câncer em paciente do SUS

Remissão total – Tratamento que custa R$2 milhões na rede privada está em fase de estudos para ser incluído no sistema público

O paciente Paulo Peregrino, 61 anos, que já estava em tratamento contra câncer há 13 anos apresentou remissão total do tumor, após fazer parte de estudo com terapia inovadora conhecida como células CAR-T. O resultado positivo foi confirmado no domingo (28), quando ele recebeu alta do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP), em São Paulo.

O publicitário já havia tentado as terapias convencionais, como quimioterapia e cirurgia para remoção do tumor, mas não tinha conseguido se livrar da doença, um linfoma não Hodgkin, cujo diagnóstico veio em 2018, cerca de oito anos após detectar um câncer de próstata.

Como não houve regressão do câncer, o paciente iniciaria cuidados paliativos, quando foi admitido no Centro de Terapia Celular, no HC, para o chamado uso compassivo. Essa prática é adotada quando não há nenhuma outra abordagem possível e se utilizam terapias ainda em estudo para tentar salvar a vida do paciente.

“O que foi extremamente animador é que vimos uma resposta positiva em apenas um mês em um paciente que já chegou muito debilitado no centro, com o câncer bem avançado, queixa de dor intensa e baixo índice de plaquetas, indicando que estava com a saúde bem afetada”, explica o hematologista Vanderson Rocha, professor de terapia celular na Faculdade de Medicina da USP e coordenador nacional de terapia celular da Rede D’Or. Ele cuidou do caso de Peregrino no centro.

As células CAR-T são células do sistema imune (conhecidas como linfócitos T) extraídas do paciente e geneticamente modificadas para reconhecer e atacar as células tumorais. Elas são, então, reintroduzidas no paciente e se tornam mais eficazes na identificação e no ataque do foco de câncer.

A terapia tem obtido sucesso no tratamento de alguns tipos de câncer do sistema sanguíneo, linfomas e leucemias, mas não há comprovação de eficácia contra tumores sólidos. Nesses casos, as quimioterapias, radioterapias ou tratamentos como imunoterapia tendem a surtir mais efeito.

O custo desta terapia, no entanto, é elevado, chegando a R$ 2 milhões por paciente pelo valor de mercado. “A possibilidade de produzir as células CAR-T em um instituto de pesquisa pública em São Paulo irá com certeza oferecer uma técnica inovadora de combate ao câncer, disponível para toda a população brasileira de forma gratuita pelo SUS [Sistema Único de Saúde]”, afirma Rocha, que espera que o suporte financeiro continue.

Esper Kallás, infectologista e diretor do Instituto Butantan, reforçou que a presença de um centro inovador como esse põe o Brasil em uma posição de destaque. “Tecnologias como essa, que vêm sendo chamadas de ‘disruptivas’ ou inovadoras, colocam o nosso país como um grande produtor desse tipo de terapia e podem ser centrais para o avanço biotecnológico brasileiro.”


  • Por July Barbosa com informações Terra.
  • Foto: Divulgação.

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