Evento reivindica direitos, promove visibilidade e celebra diversidade
Milhares de pessoas foram à avenida Paulista, neste domingo (11), participar da edição de número 27 da Parada do Orgulho LGBT+. Organizada pela Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, o evento busca a reivindicação de direitos, promove a visibilidade e celebra a diversidade, com ações políticas e afirmativas.
No evento, tinha muita gente de outras cidades, como foi o caso da Carol Socodolski, que trabalha com Turismo em Curitiba, e veio pela segunda vez acompanhar a Parada em São Paulo.
O diretor da Associação da Parada em São Paulo, Matheus Silva, explicou que a edição deste ano trouxe algumas novidades, nos 19 trios elétricos espalhados pela avenida, com a presença de grandes artistas, como Pablo Vittar e Daniela Mercury.
Alguns trios prestaram homenagens ao movimento de luta contra a AIDS e a pessoasorgu históricas do movimento. Uma delas é Kaká di Polly, que morreu em janeiro deste ano. Drag queen icônica nas décadas de 1980 e 90, ficou famosa por ter se deitado na Avenida Paulista para que fosse possível acontecer a primeira Parada do Orgulho Gay, como era chamado o movimento até então. Também foi lembrado o professor Jorge Beloqui, morto em março, pioneiro na luta por acesso a medicamentos para HIV-Aids e comorbidades no Brasil.
Portanto, além de shows, festa e muita gente reunida em um domingo na avenida Paulista, a Parada é historicamente responsável por muitas conquistas sociais para o público LGBTQIA+, como cita Matheus Silva, o coordenador da Parada em São Paulo.
O tema da Parada este ano é “Políticas Sociais para LGBT+, queremos por inteiro e não pela metade”. Entre as reivindicações está a inclusão de casais LGBTQIA + em programas de assistência social, como o Minha Casa, Minha Vida.
A primeira edição da Parada aconteceu em 1997, com cerca de 2 mil participantes e cresce a cada ano. Em 2011, reuniu seu maior público, 4 milhões de pessoas, entrando para o Guinness Book, livro dos recordes, como o maior público do mundo no gênero.
Especialista comenta
A professora Drª. Lidiany de Lima Cavalcante, do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas e do Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia, doutora e pesquisadora nas temáticas relacionadas aos direitos humanos, gênero, sexualidades, violências, saúde mental e suicídio, comentou sobre o tema deste ano da parada que foi voltado para Políticas Públicas para o segmento LGBT.
“Eu não fui para a parada LGBT de ontem, até mesmo por questões políticas, que podem ser que não venham ao caso agora, mas eu acho que a temática é extremamente importante para que a gente possa pensar verdadeiramente. O potencial de como é que nós estamos vivenciando a realidade das políticas públicas para o segmento LGBT. Nós estamos praticamente saindo de um processo mais efetivo de obscurantismo na realidade brasileira, de negacionismo e de ausência de políticas públicas para o segmento LGBT em geral, então isso consequentemente fez com que, nos últimos anos, o nosso país fechasse as portas para as políticas públicas que pudessem comtemplar o público LGBTQIA+ e aí o retrospecto disso. A maioria das políticas públicas que nós temos no segmento LGBT não são leis no Brasil, são portarias ministeriais e resoluções conselho, ou seja, são direitos extremamente fragilizados dentro dessa perspectiva de inclusão social, e isso faz com que muitas vezes esses direitos não sejam assegurados, como ficou assim, de forma muito evidente esses anos no Brasil. Então, no cenário de Manaus, se pudesse trazer a importância da temáticas das políticas públicas, a inclusão da população LGBT firma como uma necessidade de uma discussão que precisa verdadeiramente acontecer, que precisa ser debatida, que precisa se levar para a sociedade, a importâncias das políticas públicas para inserção no mercado de trabalho, inclusão da população LGBT na política pública de assistência social na política pública de saúde, na política pública de educação e de tantas outras políticas que perfazem o nosso cenário local, assim também como o cenário nacional, então eu penso que a discussão é relevante. É importante chamar a atenção da sociedade para que a sociedade verdadeiramente possa fazer e possa abrir os olhos quanto à relevância das políticas públicas para esse segmento populacional, que não é um segmento vulnerável, mas é vulnerabilizado pelas políticas públicas”.
- Por Redação Convergente.
- Foto: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis.