Mark Zuckerberg, o bilionário criador do Instagram, Facebook e WhatsApp, não deixou barato e usou sua nova conta Threads para alfinetar o Twitter
Menos de uma semana depois de ser “descoberta” por um desenvolvedor na loja de aplicativos do Google, a Threads da Meta veio ao mundo das redes sociais com o gigantismo de suas irmãs, conquistando 10 milhões de usuários em apenas sete horas e provocando reação de Elon Musk ao lançamento de uma ameaça real.
Mark Zuckerberg, o bilionário criador do Instagram, Facebook e WhatsApp, não deixou barato e usou sua nova conta Threads para alfinetar o Twitter, enquanto anônimos e famosos correram para criar suas contas em um processo simples, importando os dados do Instagram.
E mais: provocativo, ele fez uma postagem no próprio Twitter, que usou pela primeira vez em mais de dez anos, com um cartoon de dois homens-aranhas se enfrentando. A brincadeira pode ser também uma referência a uma suposta luta física entre os dois bilionários praticantes de artes marciais, que se desafiaram nas redes sociais para uma disputa em um ringue.
— Mark Zuckerberg (@finkd) July 6, 2023
Por enquanto, a guerra é virtual. Em 8 horas, Zuckerberg tinha mais de 500 mil seguidores no Threads, bem longe ainda dos 146 milhões do adversário. Mas o número de seguidores não para de crescer.
Ao dar boas-vindas aos usuários, ele disse: “Vai levar algum tempo, mas acho que deve haver um aplicativo de conversas públicas com mais de 1 bilhão de pessoas. O Twitter teve a oportunidade de fazer isso, mas não acertou em cheio. Espero que consigamos”, disse Zuckerberg.
Publicações especializadas em tecnologia que se dedicam a antecipar os passos das plataformas digitais revelaram que o lançamento da Threads foi estrategicamente antecipado para aproveitar um momento de extrema fraqueza do Twitter depois da imposição de limites de postagem a serem vistas pelos usuários. O tiro de Zuckerberg foi perfeito, não tanto pelo número de usuários. Diferentemente das demais tentativas de concorrer com o Twitter (Mastodon, Bluesky, Truth Social), a Threads é atrelada ao Instagram, que tem mais de 2 bilhões de usuários ativos por mês. Somente isso já garantiria o sucesso.
Mas o momento escolhido foi um golpe perfeito, servindo para acentuar diferenças entre as duas redes e enfraquecer ainda mais o já combalido Twitter, que desde a aquisição por Musk, em outubro passado, vive uma crise operacional, de reputação e financeira.
O aplicativo Threads foi lançado em 100 países à meia-noite desta quinta-feira, sem a União Europeia. Segundo a Meta, o motivo foi a dificuldade de esperar para que Bruxelas esclarecesse questões regulatórias sobre privacidade à luz da nova lei do bloco.
Ao fazer o download do “Twitter do Instagram”, os usuários aceitam a coleta de dados pessoais, incluindo financeiros e de saúde, o que também motivou críticas de Musk e de Jack Dorsey, ex-CEO do Twitter e dono da rede Bluesky.
A ameaça da Threads para o Twitter foi também exposta em uma entrevista do CEO do Instagram, Adam Mosseri, ao site especializado em tecnologia The Verge.
Como funciona?
Antes do lançamento, o Threads ganhou o apelido de “Twitter Killer” (assassino do Twitter). Ele combina a maioria das funções da rede de Musk com a integração ao Instagram, uma combinação difícil de enfrentar. A Meta definiu sua nova rede social como uma “expansão do que o Instagram faz de melhor para o texto”.
- A inscrição é feita usando a conta do Instagram. O nome do usuário pode ser mantido ou personalizado;
- As mesmas contas podem ser automaticamente seguidas;
- Postagens podem ter até 500 caracteres e incluir fotos e vídeos com até cinco minutos de duração;
- Os usuários veem um feed de postagens, chamado de “tópicos”, de pessoas que seguem, bem como conteúdo recomendado;
- O aplicativo permite que os usuários sejam privados no Instagram, mas públicos no Threads;
- É possível filtrar as respostas aos seus tópicos que contêm palavras específicas;
- Na primeira fase do lançamento, o Threads não terá propaganda.
Mas faltam algumas coisas que o Twitter tem e a novidade deixou de fora, pelo menos na primeira versão como:
- Não é possível enviar mensagens diretas (DM);
- O uso só pode ser feito pelo celular;
- Há apenas um feed, em que aparecem recomendações e contas seguidas misturadas;
- Não há estatísticas sobre trending topics.
Ainda assim, os efeitos começaram antes mesmo do lançamento da Threads. A hashtag #RIPTwitter (Descanse em Paz, Twitter) fez com que as buscas por ‘excluir Twitter’ no Google disparassem 983% no Reino Unido, de acordo com monitoramento da CasinoAlpha.
Na manhã desta quinta-feira, #Goodbye Twitter estava entre os trending topics da plataforma de Elon Musk, que ficou lotada de memes ironizando a situação, e muitos expressando alívio por finalmente terem para onde ir.
- Por July Barbosa com informações Olhar Digital.
- Foto: Divulgação.