A investigação da Polícia Federal sobre declarações golpistas de empresários brasileiros em um grupo de WhatsApp conseguiu também encontrar uma prova de uma suposta ordem direta de um contato associado ao nome de Jair Bolsonaro (PL) para o disparo em massa de uma notícia falsa.
As informações constam na decisão do ministro Alexandre de Moraes que decidiu arquivar a investigação contra seis empresários por supostamente tramarem um golpe de estado.
Uma mensagem atribuída ao contato “PR Bolsonaro 8”, descoberta no celular de Meyer Nigri, o fundador da Tecnisa, não apenas contém ataques contra membros do Supremo Tribunal Federal (STF), mas também informações falsas sobre as urnas eletrônicas, pesquisas eleitorais e, por último, a instrução: “repasse ao máximo”, destacada em letras maiúsculas.
No relatório da PF inserido na decisão de Moraes, o empresário recebe no dia 26 de junho de 2022 uma mensagem de WhatsApp do contato “Bolsonaro 8”, referente ao ministro do STF Luís Roberto Barroso. A mensagem diz que ele “mente” e que há um “desserviço à democracia dos três ministros do TSE/STF” que faz “somente aumentar a desconfiança de fraudes preparadas por ocasião das eleições”.
No texto, o contato associado a Bolsonaro critica a atuação do ministro Luís Roberto Barroso ao defender o “processo eleitoral como algo seguro e confiável” e trata a defesa do voto eletrônico como “interferência”.
Após dar a ordem para disseminar as notícias falsas e realizar ataques a Barroso e a outros ministros do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), embora não mencionados nominalmente, o contato associado a Bolsonaro recebe uma resposta de Nigri: “já compartilhei em diversos grupos!”. Ao se despedir, o empresário envia “abraços de Veneza”.
“A dilação de prazo solicitada pela Polícia Federal é justificada, uma vez que, em relação ao investigado MEYER JOSEPH NIGRI há necessidade de continuidade das diligências, pois o relatório da Polícia Federal ratificou a existência de vínculo entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro, inclusive com a finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à Democracia e ao estado Democrático de Direito, utilizando-se do mesmo modo de agir da associação especializada investigada no Inq. 4874/DF”, diz Moraes.
Procurado, o advogado de Nigri, Alberto Toron, disse à CNN que “o sr Meyer Nigri recebe com maior respeito a decisão do ministro Alexandre de Moraes, embora realce que nunca teve Facebook ou qualquer plataforma de disseminação de notícias e mensagens”.
Fala ainda que “se ele enviou aqui e ali qualquer mensagem do presidente da República, não significa que anuia com o teor das mensagens”. Por fim, afirmou que seu objetivo era “fomentar o debate”.
- Por Redação Convergente
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