domingo, julho 7, 2024

Especialista comenta sobre troca em Ministério do Esporte: “Isso que o presidente Lula faz aí é acariciar o parlamento”

Ana Moser foi demitida do Ministério do Esporte na quarta-feira (6/9)

A agora ex-ministra do Esporte Ana Moser entende que sua demissão da pasta foi um “abandono do esporte”. A saída de Ana foi oficializada nessa quarta-feira (6) após reunião com o Presidente da República Lula (PT). O Deputado Federal André Fufuca (PP-MA) vai assumir o ministério.

“Foi uma decisão política. Pena para o esporte mesmo. É um abandono do esporte, mas faz parte da política”, disse a ex-ministra em entrevista para a CNN nesta quinta-feira (7).

A demissão foi considerada um movimento político por aliados do presidente e também pela oposição. Ana Moser foi uma das grandes apoiadoras de Lula na área do esporte durante o período eleitoral. Com a necessidade de atrair outros partidos para sua base parlamentar, a pasta do esporte foi utilizada na aproximação.

Durante a campanha, Lula chegou a dizer que, em seu governo, a pasta não seria utilizada como “moeda de troca”. A nomeação de Fufuca sela a aliança entre o governo e o PP, partido do presidente da Câmara Arthur Lira, o que pode facilitar sua governabilidade.

As críticas ao presidente vieram de todos os lados. Em nota, a Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil (COB) já havia criticado a possível demissão de Ana Moser do Ministério do Esporte e defendeu sua permanência na pasta.

“Lamentamos que, menos de um ano depois, em nome de uma pretensa governabilidade, o governo do presidente Lula possa vir a romper com seu discurso e promessas e, colocando o Ministério do Esporte na mesa de negociações políticas, aniquile toda e qualquer possibilidade de que a política de esporte que o Brasil precisa seja efetivamente implementada”, diz o texto.

O esporte não é moeda de troca. Nos sentimos envergonhados e desprestigiados, vendo que o esporte no Brasil continua sendo encarado como algo menor. A ministra Ana Moser tem o nosso apoio e o da comunidade esportiva para continuar avançando rumo às mudanças necessárias na estrutura da política pública de esporte do país, visando a democratização de seu acesso a todas as brasileiras e brasileiros”, completou a nota.

Criado por grandes nomes do esporte brasileiro, como Walter Casagrande, Raí e Joana Maranhão, o movimento “Esporte pela Democracia” também emitiu uma nota criticando a escolha.

“Antes da eleição para seu terceiro mandato, o então candidato Lula prometeu a esportistas, jornalistas, atletas e ex-atletas, em um evento presencial em São Paulo, que o Esporte seria tratado como uma Política de Estado em seu governo. Infelizmente, a demissão da Ministra Ana Moser diz o contrário. Ao abrir mão de Moser em nome da governabilidade, atendendo a pressões do que há de mais fisiológico na política brasileira, Lula dá um passo atrás e decepciona profundamente aquelas pessoas que ouviram dele, em alto e bom som, que poderiam acreditar e sonhar com um futuro melhor, no qual o Esporte seria um instrumento importante de inclusão e transformação social”, diz o comunicado.

Especialista

O cientista político Helso Ribeiro lamenta a troca e faz uma análise sobre: “A informação que eu tenho é que a Ana Moser foi escolha pessoal do núcleo Lula, né? As pessoas que gravitam em torno do presidente Lula, e aí é alguém que sempre teve um engajamento, eu diria social e político, e alguém do meio que entende de fato o esporte, né? E não só de vôlei como ela se rentabilizou, ela entende de esporte de forma geral, inclusive da gerência, né? Só que o esporte é uma pasta  – eu diria – com fragilidades e eu penso que o centrão, ele esteve presente, ele foi gestável na constituinte, esteve presente no governo Sarney, no governo Collor, no governo, todos eles, Fernando Henrique, antes Tamar, Lula 1, Lula 2, no Lula 1 o vice dele era do PL, era centrão, o José de Alencar, a Dilma, o vice foi o Temer, que sempre esteve ali também aliado ao centrão, posteriormente, o próprio Temer governa com o centrão, o Bolsonaro se elege, nega o centrão, logo depois ele mesmo diz, ‘não, eu sou centrão’, Bolsonaro sempre foi, né? A característica do centrão é bem fisiológica, toma lá da cá, você me dá o ministério, eu tento conseguir mais dinheiro e voto com você. O André Fufuca, que eu saiba, ele não tem uma tradição na área do esporte, claro se tiver, pode até ter jogado pelada quando criança, mas nada comparado com a Ana Moser. Isso que o presidente Lula faz aí é acariciar o parlamento, a Câmara de Deputados, que é onde ele tem mais dificuldade, mais do que no Senado e é uma troca, né? O PP vem engrossando as hastes do governo e eu diria sabe que, a partir do ano que vem, deve haver uma reforma ministerial mais robusta, porque parte dos ministros devem ser candidatos à prefeitura nas suas cidades, e eu vejo que, para governar e conseguir aprovar pautas, cada vez mais o Lula vai precisar do centrão, disso não tenha a menor dúvida e eu acredito que vai ser algo muito comum que nós veremos”.


  • Por Redação Convergente
  • Foto: Divulgação
  • Ilustração: Giulia Renata Melo

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