quarta-feira, julho 3, 2024

“Atos como estes dos alunos de Medicina jamais podem ser normalizados”, diz delegada Débora Mafra

A faculdade não informou quantos alunos foram expulsos, mas disse ter identificado os autores do ato nas imagens

A Universidade Santo Amaro (Unisa) informou, nesta segunda-feira (19), que expulsou os alunos que realizaram a “masturbação coletiva” nos jogos da “CaloMed”, durante uma partida de vôlei feminino. O vídeo foi gravado em abril, mas viralizaram nesta semana.

A faculdade não informou quantos alunos foram expulsos, mas disse ter identificado os autores do ato nas imagens. Os jogos universitários ocorreram em São Carlos (SP), entre os dias 28 de abril e 1º de maio.

“Assim que tomou conhecimento de tais fatos, mesmo tendo esses ocorrido fora de dependências da Unisa e sem responsabilidade da mesma sobre tais competições, a Instituição aplicou sua sanção mais severa prevista em regimento, ainda nesta mesma segunda-feira (18/09), com a expulsão dos alunos identificados até o momento”, diz trecho da nota publicada nas redes sociais.

No vídeo, é possível ver 20 homens simulando uma “Volta Olímpica” enquanto tocam suas partes íntimas. Em outra gravação, eles assistem ao jogo feminino enquanto se tocam.

A Unisa disse que também levou o caso para as autoridades e que vai colaborar com as investigações e providências cabíveis. Por fim, a universidade repudiou o comportamento dos alunos.

A Polícia Civil de São Paulo abriu uma investigação para identificar suspeitos de praticarem atos obscenos. O caso chegou ao conhecimento das autoridades após as cenas serem divulgadas pela imprensa e nas redes sociais.

Até o momento, a polícia apurou que os estudantes do time de futsal masculino de uma universidade invadiram a quadra e “passaram a desfilar nus logo após o time para o qual torciam vencer uma partida de vôlei feminino contra outra instituição”.

O ministro da Educação, Camilo Santana, repudiou o episódio de “masturbação coletiva”. Em nota, o MEC afirmou ter notificado a instituição de ensino sobre a ocorrência. “É inadmissível que futuros médicos ajam com tamanho desrespeito às mulheres e à civilidade.”, escreveu no perfil da rede social X.

De acordo o Ministério da Educação, a Unisa foi notificada “para apurar quais as providências tomadas pela Unisa em relação aos fatos ocorridos, sob pena de abertura de procedimento de supervisão e adoção de medidas disciplinares”.

Veja a íntegra da nota da Unisa

“A Universidade Santo Amaro – Unisa informa que, na manhã de hoje, dia 18 de setembro, sua Reitoria tomou conhecimento de publicações em redes sociais divulgadas durante o fim de semana de 16 e 17 de setembro, contendo gravíssimas ocorrências envolvendo alunos do seu curso de Medicina.

De acordo com tais vídeos, alguns alunos, todos do sexo masculino, executaram atos execráveis, ao se exporem seminus e simularem atos de cunho sexual, durante competição esportiva envolvendo estudantes de Medicina da Unisa e de outra Universidade, realizada na cidade de São Carlos.

Assim que tomou conhecimento de tais fatos, mesmo tendo esses ocorrido fora de dependências da Unisa e sem responsabilidade da mesma sobre tais competições, a Instituição aplicou sua sanção mais severa prevista em regimento, ainda nesta mesma segunda-feira (18/09), com a expulsão dos alunos identificados até o momento.

Considerando ainda a gravidade dos fatos, a Unisa já levou o caso às autoridades públicas, contribuindo prontamente com as demais investigações e providências cabíveis.

A Unisa, Instituição com mais de 55 anos de história, repudia veementemente esse tipo de comportamento, completamente antagônico à sua história e aos seus valores.”

Especialista

A delegada titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher, Débora Mafra, falou sobre o ato obsceno que é crime no Brasil, “Em pleno 2023, neste último final de semana, vieram a público imagens de vinte homens, todos estudantes de medicina, com os órgãos genitais expostos, na chamada ‘masturbação coletiva’, durante uma competição esportiva universitária, quando o time, para o qual esses torciam, venceu o outro time de futsal feminino. Sem pudor algum, estes rapazes, na frente de todos, começaram a se masturbar, inclusive, achando normal esse ato, pois são estudantes de medicina, como se o estudo de medicina justificasse esta atitude criminosa. Na verdade, este tipo de ato obsceno não é normal e sim um crime do art.233 do Código Penal. Isso demonstra uma cultura misógina que não foi rompida e estamos diante de mais uma violência de gênero. Atos como estes dos alunos de Medicina jamais podem ser normalizados, pelo contrário devem ser combatidos com o rigor da lei. A sociedade deve sempre lutar para que as universidades sejam locais seguros e livres de qualquer tipo de violência. O crime de ato obsceno acontece quando há a prática de um ato de cunho sexual em um local público, mas com o objetivo de chocar todas as pessoas que ali se encontram, não apenas a alguém especificamente. Veja o que diz o Art. 233 – Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa. Diferente do crime de importunação sexual, que é um crime mais grave e, portanto, com pena mais severa, que vai de 1 a 5 anos que condena a prática do ato libidinoso (que tem objetivo de satisfação sexual) na presença de alguém, sem sua autorização, tendo uma vítima específica. O crime de ato obsceno se caracteriza por ações sexuais realizadas em locais públicos e que ofendem a moral da sociedade, como aconteceu neste lamentável episódio. Nós precisamos sempre, para que fatos como este nunca mais se repitam e que sejam responsabilizados estes homens.”


  • Por July Barbosa com informações G1 e colaboração de Débora Mafra
  • Revisão textual: Vanessa Santos
  • Ilustração: Giulia Renata Melo

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