A articulação do governo Lula (PT) para a retirada de brasileiros do norte de Gaza, sob ameaça de massacre pelos israelenses, tem surtido efeito. Entendimentos do presidente e do chanceler Mauro Vieira com autoridades de Israel, da Palestina e do Egito permitiram a retirada de 16 brasileiros do norte de Gaza, abrigados em uma escola. Após viajarem de ônibus em segurança, eles chegaram, na manhã de hoje (14), ao sul de Gaza. Contudo, mais seis brasileiros ainda tentam chegar ao local.
Agora, aguardam para atravessar a passagem de Rafah e entrar no território egípcio. Apesar da autorização do Egito, ainda não há autorização para a saída de civis. Assim, eles aguardam na cidade fronteiriça de Khan Younes. Estão todos abrigados na casa de uma família brasileira.
Operação Voltando em Paz
Segundo o governo, um acordo com os egípcios prevê o acolhimento aos brasileiros, que serão resgatados e viajarão de volta ao Brasil no avião presidencial, que aguarda o grupo em um aeroporto no Egito. Enquanto isso, a evacuação de Israel também segue exitosa e mais de 500 brasileiros já deixaram a região em guerra. Trata-se da maior operação da história do Brasil de repatriação em razão do conflito que envolve uma escalada de violência sem precedentes de Israel contra civis palestinos. A reação começou após ataque do grupo armado Hamas no último sábado (7).
“O plano, hoje de manhã, era ir para Rafah, para a fronteira, e de lá cruzar a fronteira para o Egito. Estava tudo pronto para isso, mas meia-hora antes do início do deslocamento, que deveria se iniciar às 12 horas (hora local), às onze e trinta, recebemos a informação de que tudo isso havia sido cancelado. Ou seja, a fronteira foi cancelada”, afirma o embaixador brasileiro na Palestina, Alessandro Candeas.
A situação local, como explica Candeas, é extremamente frágil e complexa. Informações da Autoridade Palestina dão conta de que Israel vem, frequentemente, violando acordos e leis internacionais em seus ataques. Inclusive, atacando corredores humanitários. Entre os alvos preferenciais dos israelenses, estão escolas e hospitais. Entre os mortos, além de civis, jornalistas, profissionais da ONU e até mesmo médicos e enfermeiros de entidades internacionais como o Médicos sem Fronteiras.
Contudo, é fato que o grupo de brasileiros está mais seguro após a operação desta manhã. “Reunidas todas as condições adversas, a decisão e, evidentemente, consultei o grupo; consultei e pedi instruções a Brasília, ao Itamaraty, e a decisão foi retirar o nosso pessoal da escola e, como havíamos pensado ontem, colocá-los nessa cidade, que se chama Khan Younes, e que fica a pouco mais de dez quilômetros da fronteira e onde eles aguardarão que a fronteira seja reaberta. É muito mais seguro esperar em Khan Younis do que em Gaza”, afirma o embaixador.
Além dos bombardeios por toda a região de Gaza, inclusive pontos locais e fronteiriços com a Cisjordânia, Libano e Síria, há expectativa de invasão por terra no norte de Gaza. O governo sionista de extrema direita de Benjamin Netanyahu promete uma investida de violência histórica na região e deu 24 horas para que mais de 1 milhão de civis deixasse o norte da Palestina.
A situação envolve uma crise humanitária sem precedentes com avanço da fome e morte iminente de doentes que não conseguirão deixar os hospitais, por exemplo. Mesmo assim, não há segurança de que Israel ataque apenas o norte de Gaza, uma vez que o país, frequentemente, viola tratados e convenções.
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- Por Redação Convergente
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