quinta-feira, novembro 21, 2024

Estiagem histórica revela rostos esculpidos há mais de 2 mil anos no Amazonas

O ponto rochoso é chamado de Ponto das Lajes, na costa norte do Amazonas, próximo ao encontro dos rios Negro e Solimões

A estiagem histórica que vem assolando parte da Amazônia, levando à morte de animais, fome e falta de água, também tem revelado gravuras rupestres milenares. Rostos humanos esculpidos em pedra há cerca de 2.000 anos apareceram em um afloramento rochoso, ao longo do rio Amazonas, desde que os níveis da água caíram para níveis recordes; é a pior seca da região em mais de um século.

Algumas gravuras rupestres já haviam sido avistadas antes, mas agora há uma variedade maior que ajudará os pesquisadores a estabelecer suas origens, disse o arqueólogo Jaime de Santana Oliveira na segunda-feira (23/10).

Uma área mostra sulcos suaves na rocha nos quais se acredita que sejam o local onde os habitantes indígenas afiavam suas flechas e lanças muito antes da chegada dos europeus.

O ponto rochoso é chamado de Ponto das Lajes, na costa norte do Amazonas, próximo ao encontro dos rios Negro e Solimões.

Outro bloco rochoso destas gravuras ainda está debaixo d’água, mas deve aparecer nos próximos dias, caso o rio Negro continue baixando. Em 2010, as que estão localizadas mais abaixo foram avistadas em apenas um dia e logo depois, quando o rio começou a subir, voltaram a ficar submersas. Além das gravuras que reproduzem rostos humanos, também são encontradas, na parte de cima do pedral, imagens de animais e representações das águas, além de cortes nas rochas que mostram resultados de oficinas líticas – significando que as ferramentas para as gravuras eram confeccionadas ali mesmo.

Diferente do sítio Caretas, as gravuras do sítio das Lajes estão em paredes extensas e debaixo da água, o que torna seus estudos complexos, mas ao mesmo tempo lhes dão uma mística enigmática. Não se pode afirmar nem mesmo como as gravuras foram feitas ou se foi em uma época de grande seca ou se o rio, há mais de mil anos, tinha um nível mais baixo do que atualmente.

Estiagem

No domingo, o Rio Negro baixou para 12,99 metros. Nesta segunda-feira (23/10), o nível caiu para 12,89. É a primeira vez, em 121 de medição, que o nível das águas chega à casa dos 12 metros.

O Rio Negro registrou a maior seca da história há uma semana, no dia 16 de outubro, ao atingir 13,59. Nos dias seguintes, as águas continuaram baixando em ritmo mais lento, em média, até 10 centímetros por dia.

De acordo com Jussara Cury, pesquisadora do Serviço Geológico Brasileiro (SGB), antigo CPRM, o nível do Rio Negro deve continuar baixando em Manaus, embora a estiagem já tenha encerrado na calha do Rio Solimões.

Influenciado pelas águas do rio Solimões, o rio Negro depende da subida das águas no Peru e na tríplice fronteira, onde está situada a cidade de Tabatinga.

“Há uma estabilidade nesse processo de subida, desde a região que alimenta o Solimões, como é o caso dos Andes e das estações monitoradas no Peru. [Elas] apresentam o mesmo comportamento, devido às chuvas isoladas na região”, disse Jussara.

Leia mais: Rio Negro continua descendo em Manaus após registrar estiagem histórica


  • Da Redação
  • Revisão textual: Vanessa Santos
  • Fotos: Redes sociais

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