A popularização da Black Friday ganhou forças em todo o mundo econômico, mas também gerou questionamentos sobre a origem do nome. Traduzido para o português, o termo significa “sexta-feira negra”, o que começou a trazer à tona debates sobre ser um termo racista.
Para entender a origem da Black Friday, ela surgiu no século XIX, nos Estados Unidos. É uma tradição no país e sempre é “comemorada” na última semana de novembro, sendo diretamente ligada ao Dia de Ação de Graças, um dos feriados mais importantes dos EUA.
O debate sobre o termo começou em 2020 nas redes sociais. Na época, o mundo passava por grandes manifestações antirracistas com o movimento “Black Lives Matter”, no português “Vidas Negras Importam”.
O questionamento feito pelo público nas redes sociais foi o uso do termo “negro” quando associado aos descontos oferecidos na promoção. Vale lembrar que, nos séculos passados, os negros eram escravizados e vendidos aos senhores com descontos.
Com a discussão em alta, algumas marcas deixaram de nomear as promoções nesse período, adotando um nome próprio para se referir à Black Friday, ainda em 2020. Em outros casos, algumas empresas resolveram esquecer as promoções da Black Friday por conta das polêmicas, como foi o caso do Grupo Boticário.
Na época, a empresa alegou que não era possível determinar se o termo tinha origem racista ou não, uma vez que não havia registros ou estudo científico, sendo assim, eles não poderiam participar de algo que poderia ser nocivo à grande parte dos brasileiros. Assim, o Grupo Boticário adotou a “Beauty Week” para se adaptar às promoções.
Outras grandes marcas deixaram de usar o termo, como a Natura e até mesmo o Grupo Americanas. O Grupo Imaginarium também resolveu adotar o próprio nome com a “Color Friday” e, no cenário mundial, a M.A.C optou pela “Beauty Friday” e a Adidas pelo “Best Friday”.
Raiz mundial
Ao O Convergente, o jurista e ativista da causa negra Christian Rocha comentou que a origem do termo “Black Friday” é historicamente curiosa. “Existe a black friday, que curiosidades nos levam a ler sobre a sexta-feira negra, desconto em lojas que ocorreu nos EUA, onde partiu a tão famosa Black Friday”, disse.
De acordo com ele, o mundo adotou uma cultura em que associa coisas ruins à cor negra, sendo assim, a Black Friday também pode estar inserida no debate.
“Culturalmente, é mundial a questão de associar coisas ruins à cor negra, é tipo black friday de produtos para a conta fechar no azul. O Letramento Racial e a educação antirracista precisam estar presentes no espaço educacional”, comentou.
O ativista ainda reforçou que a adoção do termo é uma questão cultural que, para quem desconhece dos problemas enfrentados pelo movimento negro, acredita ser vitimismo. Rocha ainda destacou que, nesses casos, é necessário conscientizar a nova geração para impor suas opiniões.
“É uma questão cultural mesmo que se naturalizou que, para quem desconhece, acha que é vitimismo, mas, para quem conhece, sabe que o racismo se naturalizou e tentar conscientizar uma geração programada para impor seus pontos de vista, sem observar a liberdade de expressão do outro, é muito difícil”, destacou.
*Com informações do O Convergente
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