quinta-feira, novembro 21, 2024

Com iminência de colapso de mina, Maceió está em estado de alerta e desocupando residências

A pedido do Ministério Público e por determinação da Justiça Federal, foi ordenada a desocupação de 23 residências localizadas nas áreas mais próximas do Mutange

A Defesa Civil de Maceió trabalha com a hipótese repassada pela Braskem de que a mina que está na iminência do colapso vai desabar e causar tremor e cratera, na manhã desta sexta-feira (1°). O órgão chegou a falar que isso poderia acontecer às 6h, o que não ocorreu.

As consequências ainda são incertas, mas toda área do Mutange e entorno está desocupada.

Segundo a Defesa Civil, quando estava a mil metros de profundidade, a mina foi medida em 500 mil m³ — ou seja: era um buraco com área capaz de armazenar 500 milhões de litros de água, o mesmo volume de aproximadamente 200 piscinas olímpicas.

Ela tinha essa cavidade antes, mas ela foi migrando para a superfície e se autopreenchendo. Ela hoje deve ser bem menor, mas não temos como dizer quais largura, altura e profundidade dela nesse momento.

Abelardo Nobre, coordenador da Defesa Civil de Maceió

Estima-se que 60% da área da mina esteja dentro da lagoa Mundaú. Isso gerou o medo e disseminação de notícia falsa de que o colapso poderia causar um pequeno tsunami. “Ao contrário: como haverá uma cavidade, a água vai entrar nela, reduzindo o nível da lagoa. Por isso, alertamos as embarcações para evitarem a navegação até nova orientação”, disse Abelardo.

Segundo ele, a área está sendo monitorada 24 horas por vários equipamentos, como drones. Abelardo explica que, quando houver o colapso, vai haver um tremor de terra, mas em uma magnitude que não deve causar danos físicos a imóveis em áreas vizinhas.

O sistema usado pela Braskem para explorar a mina é feito por um poço cavado, que injeta água para a camada de sal, gerando assim a salmoura. A solução então vai ser retirada dessas minas para a superfície — depois, elas são preenchidas com material líquido para dar estabilidade no solo.

Entretanto, parte dessas minas teve vazamento do líquido ao longo desses mais de 40 anos de exploração — o que causou instabilidade no solo, gerando buracos como essa cavidade da mina 18. Ao todo, são 35 minas na área urbana, que estão sendo preenchidas novamente.

Esse processo levou ao afundamento de solo em cinco bairros e ao deslocamento de quase 60 mil pessoas.

Agora, a área de risco foi ampliada por determinação judicial — que incluiu mais 1.700 lotes que terão de ter os moradores retirados. Segundo a Defesa Civil, cada lote possui ao menos uma residência.

A pedido do Ministério Público e por determinação da Justiça Federal, foi ordenada a desocupação de 23 residências localizadas nas áreas mais próximas do Mutange, abrangendo bairros como Bom Parto e Bebedouro. A decisão autorizou o emprego de força policial em caso de resistência.


  • Com informações Metrópoles
  • Revisão textual: Vanessa Santos
  • Foto: Divulgação

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