O risco de colapso de uma mina em Maceió se intensifica a cada hora. De acordo com a Defesa Civil do município, a região do entorno da mina 18 da petroquímica Braskem, localizada próxima à lagoa, no bairro de Mutange, afunda 2,6 cm por hora. Já o deslocamento vertical acumulado é de 1,42 m.
Com o aumento significativo na movimentação do solo, as autoridades dizem que o rompimento pode acontecer a qualquer momento e uma enorme cratera pode ser aberta na região afetada. Há um sério risco de o colapso da mina 18 afetar as duas minas vizinhas (7 e 19), ampliando ainda mais os estragos na capital de Alagoas.
A Justiça Federal ordenou a expansão das áreas consideradas de risco. A decisão levou à evacuação de moradores de bairros próximos ao local afetado, que tiveram que deixar suas casas às pressas.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF) informou ao Terra, um alerta emitido pela Defesa Civil Municipal, no dia 29 de novembro, sobre a possibilidade de afundamento abrupto do solo, desencadeou uma série de medidas adotadas pelo MPF, com o apoio do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) e da Defensoria Pública da União (DPU).
Primeiramente, recomendou-se que fossem intensificadas, pela Defesa Civil Municipal, todas as medidas de proteção das pessoas e de comunicação à sociedade, inclusive com a publicação de alertas por SMS.
Em seguida, as instituições expediram recomendação à Braskem, à Agência Nacional de Mineração (ANM) e ao Sistema de Defesa Civil, para que fossem intensificadas as medidas de monitoramento da região afetada pelo afundamento do solo, bem como quanto ao atendimento psicossocial da população impactada pelo alerta de risco iminente, tudo custeado pela empresa petroquímica.
Já na manhã do dia 30 de novembro, o MPF, a DPU e o MPAL foram informados da decisão da Justiça Federal que concedeu a liminar pedida na ação civil pública ajuizada em 24 de novembro e determinou que a Prefeitura publicasse a nova versão do mapa de risco, com a inclusão de novos imóveis, especialmente no bairro Bom Parto.
Essa decisão atendeu integralmente os pedidos das instituições e determinou que a Braskem possibilite a inclusão dos imóveis em ‘área de risco 00’ no Programa de Compensação Financeira (PCF) visando à realocação imediata destes moradores. Além disso, moradores das novas áreas de ‘criticidade 01’ devem ter a possibilidade de escolher entre o PCF ou um programa que repare o dano moral e material pela desvalorização do imóvel, mas sem realocação.
Para municiar esses moradores de informações suficientes para auxiliá-los na tomada de decisão, foi determinado que a Braskem também deverá pagar pela contração de uma empresa independente de consultoria para os atingidos.
Como o problema começou?
Os problemas em Maceió começaram em 3 de março de 2018, quando um tremor de terra causou rachaduras em ruas e casas e o afundamento do solo em cinco bairros: Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e em uma parte do Farol. Mais de 55 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas naquele ano. A petroquímica realizava a extração do minério na capital alagoana em 35 minas.
Em novembro de 2019, a empresa decidiu propor a remoção preventiva dos moradores e a criação da Área de Resguardo. Esse local fica na área dos 35 poços de sal que eram operados nos bairros e já estavam desde maio do mesmo ano paralisados. Foi quando, em novembro de 2019, a Braskem também anunciou o encerramento definitivo da extração do minério na região. No total, mais de 200 mil pessoas foram afetadas pelo desastre.
Foi registrado novo movimento de terra na quinta-feira. “A situação é preocupante, porque a velocidade de subsidência, tanto vertical quanto horizontal, continua alta, indicando afundamento do solo,” disse o coordenador da Defesa Civil de Maceió, Abelardo Pedro Nobre Jr.
Essas minas são como cavernas que ficam sob uma lagoa. O topo dessas cavernas pode colapsar a qualquer momento. Os possíveis impactos ambientais são imprevisíveis.
A mina em risco tem 85 metros de largura e está a 1,1 mil metros de profundidade, segundo estudo do Serviço Geológico do Brasil. A catástrofe pode ser ainda maior, visto que outras duas minas, as de número 7 e a 19, estão bem próximas da 18.
- Com informações G1
- Revisão textual: Vanessa Santos
- Foto: Divulgação