Faltando alguns meses para o início da campanha eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já identificou suspeita de uso de inteligência artificial (IA) para criar áudios falsos de prefeitos que devem tentar a reeleição em três estados: Amazonas, Rio Grande do Sul e Sergipe. A ação criminosa é investigada pela polícia.
Um dos casos aconteceu em Manaus, tendo como alvo o prefeito David Almeida (Avante). O próprio prefeito foi quem denunciou o crime à Polícia Federal (PF), no fim do ano passado. No conteúdo fake, a mensagem atribuída à voz dele chamava os professores municipais de “vagabundos” e alegava que os servidores queriam “um dinheirinho de mão beijada”. Na época, os professores cobravam o pagamento do Fundeb.
O caso do Rio Grande do Sul tinha como alvo o prefeito de Crissiumal, Marco Aurélio Nedel (PL), onde ele xingava funcionários do parque de obras, espaço da prefeitura, e achincalha servidores.
“Vou falar do aumento ano que vem (2024) (…) Depois vamos levando na conversa, entendeu? Pessoal com pouco estudo, analfabeto, já ganha demais”, dizia a mensagem.
No caso de Sergipe, o alvo foi o deputado federal Gustinho Ribeiro (Republicanos), marido da prefeita de Lagarto (SE), Hilda Ribeiro. A mensagem atribuída à voz dele fazia comentários depreciativos a diversos políticos.
“Pode arrochar, bote pra f…, eles lá não têm poder nenhum, quem está no poder somos nós”, dizia. O caso foi denunciado pela própria prefeita.
Após a identificação dos casos com uso de inteligência artificial, o TSE irá realizar audiências públicas ainda em janeiro para editar uma resolução. O objetivo é proibir a manipulação de voz e imagens com conteúdo falso, com previsão até mesmo de cassação do mandato.
Os casos têm sido tratado como uma espécie de laboratório pela Polícia Federal, que viu suspeitas de crime eleitoral e assumiu as investigações. Em Manaus, dois suspeitos já foram ouvidos no inquérito das investigações.
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