A prevenção e a detecção precoce estão entre as principais estratégias para combater e reduzir a elevada taxa de mortalidade por câncer de mama no Brasil. Mulheres conscientes e atentas às mudanças de seu próprio corpo, profissionais de saúde capacitados e garantia de acesso aos serviços de saúde são fundamentais nesta resposta.
A recomendação foi destacada por Mônica de Assis, tecnologista da Divisão de Detecção Precoce e Apoio Organização de Rede do Instituto Nacional de Câncer (INCA), para quem o Outubro Rosa, além de ser uma oportunidade para promover a consciência de saúde pública, é um momento para refletir sobre onde estamos, aonde vamos e no que precisamos avançar. Ela participou da 347ª Reunião Ordinária (RO) do Conselho Nacional de Saúde, realizada entre 18 e 19 de outubro, em Salvador.
Reduzir a mortalidade é a principal meta no Brasil
O câncer de mama é o que mais mata mulheres no Brasil. Segundo o INCA, apenas em 2021, 18.139 mulheres vieram a óbito no país e estima-se a incidência de 73.601 mil casos este ano no Brasil. “O nosso problema é a doença avançada. Segundo os registros, a gente tem 41% de casos, que quando chegam para tratar estão nos estádios 3 e 4 da doença, que é uma fase mais avançada”, enfatizou Mônica de Assis ao destacar a importância do diagnóstico precoce para e do tratamento em tempo adequado para redução de óbitos.
O Câncer de mama é uma doença multicausal, porém a redução de risco é um aliado importante, já que dos cerca de 74 mil dos casos novos por ano, 17% são evitáveis por meio de hábitos saudáveis. Além da prevenção pelo autoexame, manter o peso corporal, ser fisicamente ativo, reduzir o uso de bebida alcoólica e amamentar estão entre as práticas que contribuem para a prevenção e redução de riscos por fatores modificáveis.
Desafios a serem enfrentados
Manter as mulheres informadas, por meio de uma comunicação eficiente; superação de preconceitos quanto ao câncer; realizar diagnósticos de lesões suspeitas da mama em tempo oportuno; iniciar o primeiro tratamento em até 60 dias; ter acesso à mamografia de qualidade; ter garantia a tratamento por equipe multidisciplinar e, se for o caso, receber cuidados paliativos compõem os desafios a serem enfrentados pelo serviço de saúde público.
Em 2022, apenas 19.786 mulheres de 56.308 casos detectados tiveram o primeiro tratamento realizado até 60 dias após o diagnóstico no SUS. Fernando Henrique Maia, Coordenador-Geral da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (CGCAN/SAES/MS), ressaltou a necessidade de se enfrentar este cenário. “E para isso precisamos de uma ação tripartite: Ministério da Saúde, governos estaduais e governos municipais. Institucionalizar o tratamento que já existe no SUS há muito tempo e garantir que o acesso chegue a todas as mulheres.”
Iniquidade global
No panorama mundial, Mônica de Assis chamou atenção para as disparidades ainda existentes no globo, apesar do tratamento terapêutico para este tipo de câncer ter avançando. Enquanto as mulheres conseguem sobreviver à doença numa proporção de 9 para 10 pessoas em 5 anos, nos países desenvolvidos, nos países subdesenvolvidos, como, por exemplo, a África do Sul, apenas 4 mulheres a cada 10 sobrevivem em 5 anos. “Trata-se de uma disparidade grande em uma pauta mundial”, ressaltou ao salientar que o desafio que se impõe é o de como reduzir iniquidades e dar direitos a todas de desfrutar deste avanço que a ciência proporcionou.
Já a presidente do Departamento de Políticas Públicas da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Sandra Gioia, que também participou da 347ª RO, ressaltou que no Brasil há legislações robustas, mais que ainda falta fazer com cheguem de fato cheguem na ponta, até as usuárias do sistema, e se tornem realidade dentro do objetivo de que as mulheres atendidas não avancem para além do estágio inicial da doença, com diagnóstico precoce. “Todos devemos ter transparência, responsabilidade e governança, porque sabemos que o câncer de mama é uma doença prevenível, tratável e curável”, disse. Ela destacou ainda a importância de se ter um gestor de cuidados que, incluído na equipe multidisciplinar, acompanhe e gerencie esta jornada da mulher, conforme as características de sistemas de saúde associados à melhora das taxas de mortalidade de câncer de mama.
Fonte: Ascom CNS
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