segunda-feira, julho 8, 2024

Mulheres que não recebem o Bolsa Família tem maior risco de mortalidade por câncer de mama; diz estudo

O estudo mostrou que o PBF estava associado à melhoria da renda das mulheres e o acesso a serviços preventivos de câncer, levando à detecção precoce e ao tratamento, diminuindo assim, a mortalidade da doença

Mulheres residentes em áreas segregadas economicamente, e com poucos recursos e acesso escasso a serviços de saúde, estão mais propensas a morrerem por câncer de mama. Mas esses fatores de risco podem ser mitigados com programas de transferência de renda, como o Programa Bolsa Família (PBF).

Um estudo recente, publicado na revista Jama Network, conduzido por pesquisadoras e pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia, avaliou mais de 20 milhões de mulheres adultas – entre 18 e 100 anos – e identificou que quanto maior o nível de segregação da área de moradia, maior o risco de morrer por câncer de mama.

Ao comparar beneficiárias e não beneficiárias, mulheres que não receberam o Bolsa Família tiveram um risco de mortalidade por câncer de mama 17% maior em comparação com as beneficiárias do Programa.

Entre as mulheres que recebiam o PBF, aquelas que viviam em municípios com alta segregação de renda tinham um risco 13% maior de morrer por câncer de mama em comparação com aquelas que viviam em municípios com baixa segregação.

Já entre aquelas que não recebiam o Programa, as que viviam em municípios com alta segregação tiveram um risco 24% maior de morrer de câncer de mama, comparado com as que viviam em municípios com baixa segregação.

O estudo ainda reforça o resultado de pesquisa anterior, também realizada por pesquisadoras do Cidacs/Fiocruz Bahia, em que mulheres pretas tiveram um risco 10% maior de morrer da doença, em comparação com brancas. Essa avaliação anterior também levou em consideração mulheres registradas no Cadastro Único (CadÚnico), ou seja, que fazem parte de famílias pobres ou extremamente pobres.

Dentre as 21.680.930 mulheres estudadas, 11.549.000 (53,3%) eram pardas, 7.110.375 (32,8%) eram brancas, 1.772.843 (8,2%) eram pretas, 104.252 (0,5%) eram indígenas e 96.085 (0,4%) eram asiáticas. Dessas, havia 7.227.998 mulheres em municípios com baixa segregação, 7.309.565 mulheres em municípios com média segregação e 7.143.367 mulheres vivendo em municípios com alta segregação.

Pessoas com renda mais baixa e residentes de locais com acentuadas desigualdades estão sujeitas a fatores estruturais e ambientais que moldam o comportamento e as condições de vida. “A pesquisa mostrou o resultado de uma política pública, o Bolsa Família, na redução das desigualdades na mortalidade por câncer de mama em mulheres. Isso se deve possivelmente ao aumento da renda familiar e com isso maior acesso a medicamentos, alimentação de qualidade e acesso a serviços de transporte, permitindo a busca por serviços preventivos de câncer, como a realização de mamografia, em outros locais”, afirma Joanna.

Para os pesquisadores, amparados em estudos anteriores, as evidências também mostram que viver em áreas economicamente desfavorecidas está associado a um acesso mais limitado de serviços de rastreamento e cuidado, bem como a resultados desfavoráveis no câncer de mama. Entre eles, diagnóstico em estágio avançado, tratamento menos adequado, menor sobrevida e maior taxa de mortalidade.

Segundo o estudo, a segregação de renda, também chamada de segregação residencial por renda, é a separação sistemática de indivíduos em diferentes áreas geográficas, em que políticas habitacionais discriminatórias, historicamente, marginalizam pessoas com renda mais baixa.

A investigação ainda apontou que a segregação de renda, mesmo entre as mulheres que recebiam o Bolsa Família, foi associada a um aumento no risco de mortalidade por câncer de mama para aquelas que receberam o benefício por menos tempo – até quatro anos.

 

 

Fonte: Fiocruz

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