A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último domingo (18), quando o chefe de Estado do país comparou os ataques de Israel na Faixa de Gaza com o Holocausto, durante a 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Abeba, capital da Etiópia, gerou revolta entre os vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM) nesta segunda-feira (19).
Marcel Alexandre (Avante), Raiff Matos (Democracia Cristã) e Capitão Carpê (Republicanos) foram os vereadores que se manifestaram contra a fala negativa do presidente durante a sessão. Diante da polêmica, os parlamentares apresentaram moções contra Lula.
Marcelo Alexandre, da liderança no campo eclesiástico, mencionou que o governo brasileiro vem adotando uma postura desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio em busca de diálogo da política externa brasileira.
“Repudio as declarações infundadas do presidente Lula, comparando o holocausto à ação de defesa de Israel contra o grupo terrorista Hamas. Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa, simplesmente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país e matou cerca de 2 mil pessoas e defende na sua carta de fundação a eliminação do estado judeu”, disse o vereador.
Outro parlamentar cristão da CMM, Raiff Matos, apontou que Lula infringiu a Constituição brasileira e merece ser impeachment, de acordo com o Artigo 5 da Lei nº 1.079 de 10 de Abril de 1950.
“Vergonhoso o comportamento do atual presidente em seu comentário. É preocupante esse ato de antissemitismo. Infelizmente quem vai sofrer mais uma vez com essas ilações é o povo mais humilde”, destacou Raiff ao apresentar a Moção para mostrar para a população como agente público a minha indignação.
Petista nato, o vereador Sassá da Construção Civil foi contra a posição do presidente. Ele afirmou que a declaração do presidente foi negativa.
“Eu vou falar por mim. Israel está atacando [Gaza] atrás de terroristas, e eu acho que o país não quer matar pessoas inocentes, tenho certeza. A fala do presidente Lula foi dele, eu sou do partido dele, mas não passo a mão na cabeça de ninguém. Eu acho que o presidente tem de pedir desculpas a essa nação, sim. Não foi o Brasil quem falou, foi a fala de uma pessoa. Por isso pedidos também o cessar-fogo”, concluiu Sassá.
O Capitão Carpê, do elo da direita de Bolsonaro, comentou em seu discurso no parlamento que as opiniões expressas por Lula foram absurdas e injustificáveis.
“Muitos podem tentar justificar dizendo que o presidente não pensou ao falar isso. Não é verdade, ele sabia muito bem o que estava falando, ele apenas demonstrou que é admirador de ditaduras e do que há de pior na humanidade. “Lula cometeu um ato gravíssimo com uma repercussão internacional. Propus essa moção de repúdio por entender que é preciso demonstrar oficialmente o impacto disso. Em Manaus temos uma comunidade judaica que também precisa ser respeitada, e o que Lula fez foi desrespeitar esse povo.”
Vale ressalta que ainda no domingo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que a fala feita por Lula equivale a “cruzar uma linha vermelha”, referindo-se a trecho da declaração de Lula, feita durante viagem oficial à Etiópia.
Apesar de discordar das ações do presidente da República, Sassá da Construção Civil optou por votar contra as moções aprovadas em conjunto na CMM.
Fonte: O Convergente
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