Divulgado nesta quinta-feira (16), o novo Boletim InfoGripe Fiocruz reafirma o alerta para as internações de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), principalmente em função da influenza A e do vírus sincicial respiratório (VSR), que ainda estão em ascensão em boa parte do território brasileiro. Por outro lado, a análise mostra a interrupção do crescimento das SRAG por tais doenças em alguns estados.
O estudo destaca ainda que, diante da situação atual do Rio Grande do Sul, os dados das semanas recentes registrados no estado não foram considerados pela dificuldade de atendimento da população atingida pelos eventos climáticos extremos e da digitação de casos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe).
No agregado nacional, há sinal de estabilidade de SRAG na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e de queda na de curto prazo (últimas três semanas). Referente à Semana Epidemiológica (SE) 19, de 5 a 11 de maio, o estudo tem como base os dados inseridos Sivep-Gripe até o dia 13 de maio.
O pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, chama a atenção para a vacinação – que está com campanha aberta para influenza A, o vírus da gripe – e do uso de máscaras adequadas (N95, KN95, PFF2) para qualquer pessoa que for a uma unidade de saúde e a quem estiver com sintomas de infecção respiratória, especialmente aos moradores do Rio Grande do Sul. Gomes observa que a vacina e os cuidados são fundamentais pois, com a atual queda das temperaturas na região e a situação de vulnerabilidade em que a população se encontra, os quadros respiratórios podem se agravar.
Em relação ao estado gaúcho, o pesquisador acrescentou, ainda, que o estado já vinha registrando, nas últimas semanas epidemiológicas, aumento no ritmo de crescimento das internações por infecções respiratórias, especialmente influenza A e VSR.
“Ainda mais agora em que o estado está com muitas pessoas em abrigos, vivendo em condições bastante particulares, é importante a gente conscientizar especialmente sobre o uso de máscaras para quem está com sintomas. Além disso, é importante, nos locais em que for possível fazer isso, implementar algum nível de distanciamento dos infectados e dos sintomáticos, o que pode ajudar a pelo menos reduzir a propagação de vírus respiratórios nesses locais, até porque as temperaturas estão caindo, então é uma situação muito propícia para a propagação desses vírus, infelizmente. Diante desse cenário, é óbvio, também é fundamental que o grupo de risco esteja em dia com as vacinas contra a gripe e contra a Covid-19”.
Gomes destacou ainda a importância de seguir as orientações do comunicado do Ministério da Saúde, que reforça a importância da vacinação contra a gripe, a Covid- 19, o tétano e a hepatite, doenças comuns durante os desastres como o que o Rio Grande do Sul está enfrentando.
A nível nacional, a circulação do VSR mantém valores expressivos de incidência e mortalidade de SRAG nas crianças pequenas. Outros vírus respiratórios com destaque para essa faixa etária são o rinovírus, a influenza A (gripe) e a Covid-19. Já nos idosos, prevalece a influenza A e a Covid-19. A mortalidade da SRAG nas últimas oito semanas foi semelhante entre os dois grupos.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de influenza A (27,6%), influenza B (0,2%), vírus sincicial respiratório (56,8%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (5,1%). Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de influenza A (47,1%), influenza B (0,8%), vírus sincicial respiratório (13,4%), e Sars-CoV-2/Covid-19 (35,1%).
A atualização aponta que 16 estados apresentam crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.
Em alguns estados do Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, observa-se a interrupção do crescimento ou queda do VSR. Em relação à influenza A, associada ao aumento de SRAG em adolescentes e adultos, já se nota desaceleração no Nordeste e em parte do Norte e Sul do país.
Entre as capitais, 15 mostram indícios de aumento de SRAG: Aracaju (SE), Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Florianópolis (SC), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Maceió (AL), Manaus (AM), Natal (RN), Porto Velho (RO), Recife (PE), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ) e São Luís (MA).
Resultados positivos para vírus respiratórios e óbitos em 2024
Referente ao ano epidemiológico 2024, já foram notificados 53.179 casos de SRAG, sendo 25.194 (47,4%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 19.434 (36,5%) negativos, e ao menos 5.645 (10,6%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado. Dentre os casos positivos do ano corrente, tem-se influenza A (18%), influenza B (0,3%), vírus sincicial respiratório (39,6%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (29,5%).
Em relação aos óbitos de SRAG de 2024, independentemente da presença de febre, já foram registrados 3.703 óbitos, sendo 2.146 (58%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 1.238 (33,4%) negativos, e ao menos 117 (3,2%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os positivos do ano corrente, tem-se influenza A (18,6%), influenza B (0,4%), vírus sincicial respiratório (5,8%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (71,4%).
Fonte: Fiocruz
Foto: Reprodução / Freepik / kjpargeter
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