Divulgado na quinta-feira (23), o Boletim InfoGripe da Fiocruz aponta que as internações de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), principalmente em função da influenza A (gripe) e do vírus sincicial respiratório (VSR), continuam em alta em boa parte do país. Em nível nacional, há sinal de queda de SRAG tanto na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) quanto na de curto prazo (últimas três semanas).
O estudo ressalta ainda que, em função da situação atual do Rio Grande do Sul, os dados das semanas recentes devem ser analisados com cautela em razão de eventuais impactos na capacidade de atendimento e registro eletrônicos de novos casos de SRAG no estado. Referente à Semana Epidemiológica (SE) 20, de 12 a 18 de maio, o estudo tem como base os dados inseridos Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 20 de maio.
Em relação às crianças pequenas, a incidência e a mortalidade do VSR continuam mantendo valores expressivos. Outros vírus respiratórios com destaque para a ocorrência de SRAG em tal faixa etária são o rinovírus, a influenza A e a Covid-19. Os idosos também estão em um quadro no qual ainda se exige atenção. A mortalidade das SRAG nas últimas oito semanas foi semelhante entre as duas faixas etárias, com destaque para a Covid-19 e para a influenza A nos idosos.
Pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes chama atenção para o início da desaceleração das internações em algumas regiões. “Para o VSR, em alguns estados do Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, observa-se interrupção do crescimento ou queda. Em relação ao influenza A, associado ao aumento de SRAG em adolescentes e adultos, já se observa desaceleração no Nordeste e em parte do Norte e Sul do país”, destaca Gomes.
Gomes ressalta ainda a importância da vacina nesse momento. “A campanha de vacinação continua aberta para a influenza A, o vírus da gripe”, afirma. O pesquisador também marca a importância do uso de máscaras adequadas (N95, KN95, PFF2), especialmente para os moradores do Rio Grande do Sul. Gomes observa que a vacina e os cuidados são fundamentais pois, com a atual queda das temperaturas no estado e a situação de vulnerabilidade em que a população se encontra, os quadros respiratórios podem se agravar. “Mas a máscara deve ser usada por todas as pessoas, de qualquer região brasileira, que for a uma unidade de saúde, assim como aquelas que estiverem com sintomas de infecção respiratória”.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de influenza A (27,3%), influenza B (0,3%), vírus sincicial respiratório (56,2%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (4,6%). Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de influenza A (48%), influenza B (0,3%), vírus sincicial respiratório (16,6%), e Sars-CoV-2/Covid-19 (30,2%).
Estados e capitais
A atualização aponta que 15 estados apresentam crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Acre, Alagoas, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Sergipe.
Entre as capitais, 15 mostram indícios de aumento de SRAG: Aracaju (SE), Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Florianópolis (SC), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Maceió (AL), Natal (RN), Porto Velho (RO), Recife (PE), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA) e Teresina (PI).
Resultados positivos para vírus respiratórios e óbitos em 2024
Referente ao ano epidemiológico 2024, já foram notificados 58.242 casos de SRAG, sendo 28.026 (48,1%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 21.158 (36,3%) negativos, e ao menos 5.784 (9,9%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado. Dentre os casos positivos do ano corrente, tem-se influenza A (18,5%), influenza B (0,3%), vírus sincicial respiratório (41,3%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (27,2%).
Em relação aos óbitos de SRAG de 2024, independentemente da presença de febre, já foram registrados 3.974 óbitos, sendo 2.265 (57,0%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 1.355 (34,1%) negativos, e ao menos 129 (3,2%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os positivos do ano corrente, tem-se influenza A (20,2%), influenza B (0,4%), vírus sincicial respiratório (6,4%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (69,1%).
Fonte: Fiocruz
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