terça-feira, setembro 17, 2024

Projeções de seca na bacia do Amazonas: Rio Solimões pode registrar níveis nunca antes vistos

Nesta semana, já começaram a ser observadas descidas mais intensificadas, da ordem de 20 cm por dia, no Rio Negro, em Manaus, efeito do que ocorre também em Tabatinga

A Bacia do Rio Amazonas enfrenta um cenário de grande seca e de acordo com projeções do Serviço Geológico do Brasil (SGB), algumas regiões podem registrar cotas mínimas históricas. há 65% de probabilidade do Rio Solimões chegar à menor cota já observada em Tabatinga, abaixo da marca de -86 cm, de 2010.

O Rio Negro, em Manaus, tem 16% de probabilidade de ficar abaixo da mínima histórica. Os dados foram divulgados na última sexta-feira (23), no Alerta de Vazante. Segundo os dados da Defesa Civil, 20 municípios estão em situação de emergência, afetando 254,3 mil pessoas, ou cerca de 63,5 mil famílias.

“O que irá definir a magnitude real dessa vazante é por quanto tempo as descidas devem se prolongar e o quanto o período chuvoso estará atrasado. A climatologia indica que os prognósticos de chuva não são favoráveis. Portanto, consideramos o avanço das descidas até outubro para calcular a probabilidade”, explica o pesquisador em geociências Andre Martinelli,  gerente de Hidrologia e Gestão Territorial da Superintendência Regional de Manaus (SUREG-MA).

O cálculo foi realizado com base na série histórica de dados e na mediana das descidas. Martinelli ressalta que foram calculadas as probabilidades para as mínimas históricas. “Mesmo as regiões que não têm altas probabilidades de atingir as mínimas históricas (o que seria o pior cenário), enfrentam uma grande seca, que afeta toda a população”.

Fonte: SGB
EstaçãoRioCota mínimaProbabilidade
Tabatinga (AM)Solimões-86 cm (2010)65% de ficar abaixo
Fonte Boa (AM)Solimões8,02 m (2010)53% de ficar abaixo
Itapéua (AM)Solimões1,31 m (2010)31% de ficar abaixo
Beruri (AM)Purus4,07 m (2023)34% de ficar abaixo
Manaus (AM)Negro12,70 m (2023)16% de ficar abaixo
Itacoatiara (AM)Amazonas36 cm (2023)14% de ficar abaixo

 

Tabatinga chegou a registrar a cota de 2 cm no início da semana, nos dias 18 e 19 de agosto, conforme dados do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Amazonas. Essa já é a 3ª menor marca da série histórica – atrás apenas das cotas de -75 cm (2023) e -86 cm (2010).

“Já temos uma seca extrema estabelecida nessa região do Alto Solimões. No Médio Solimões até Manaus, ainda não foram alcançadas as cotas que trazem transtorno, mas a tendência é que isso ocorra”, disse Martinelli.

Nesta semana, já começaram a ser observadas descidas mais intensificadas, da ordem de 20 cm por dia, no Rio Negro, em Manaus, efeito do que ocorre em Tabatinga.

O pesquisador enfatiza que as secas extremas refletem uma mudança no padrão dos regimes hidrológicos observados nos últimos 20 anos: “A gente tem vivenciado, cada vez de forma mais frequente, esses eventos hidrológicos extremos, tanto de cheia quanto de vazante. Isso tem muita relação com as mudanças climáticas”.

 

 

 

 

 

 

 

 

Com informações da Agência GOV*

Ilustração: Marcus Reis

Leia mais: Estiagem: 20 municípios do Amazonas estão em situação de emergência

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