sexta-feira, novembro 22, 2024

Pacientes recebem órgãos infectados por HIV, no Rio de Janeiro

A situação foi descoberta em setembro, quando um paciente que havia recebido um coração em janeiro procurou o hospital com sintomas neurológicos e testou positivo para HIV

A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) confirmou que seis indivíduos na fila de transplante receberam órgãos contaminados pelo vírus HIV e agora testaram positivo para a infecção. A informação foi divulgada pela BandNews FM na manhã desta sexta-feira (11).

Segundo o órgão estadual, o erro ocorreu em uma unidade privada de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, que foi contratada pela SES-RJ em dezembro do ano passado, através de um processo de licitação emergencial no valor de R$ 11 milhões, para realizar a sorologia de órgãos doados.

A situação foi descoberta em setembro, quando um paciente que não apresentava o vírus anteriormente e que havia recebido um coração em janeiro procurou o hospital com sintomas neurológicos e testou positivo para HIV. As autoridades identificaram dois exames realizados pelo PCS Lab Saleme.

A primeira coleta aconteceu no dia 23 de janeiro deste ano, onde foram doados rins, fígado, coração e córnea, e todos, conforme o laboratório, apresentaram resultados não reagentes para HIV.

Sempre que um órgão é doado, uma amostra é preservada. A SES-RJ, então, realizou uma contraprova do material e identificou a presença do vírus HIV. Paralelamente, a secretaria rastreou os outros receptores e confirmou que aqueles que receberam um rim cada também testaram positivo para HIV.

A receptora da córnea, que possui menor vascularização, testou negativo. A pessoa que recebeu o fígado faleceu pouco depois do transplante, mas seu estado de saúde já era grave, e a morte não estava relacionada ao HIV.

No dia 3 de outubro, mais um transplantado apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV. Essa pessoa também não tinha o vírus antes da cirurgia. Ao cruzar os dados, descobriram outro exame incorreto, de uma doadora no dia 25 de maio deste ano.

A Anvisa também revelou que o laboratório não possuía kits para a realização dos exames de sangue e não apresentou documentação que comprovasse a aquisição dos itens, levantando suspeitas de que os testes possam não ter sido realizados e que os resultados poderiam ter sido falsificados.

A Coordenadoria Estadual de Transplantes e a Vigilância Sanitária Estadual interditaram o laboratório PCS Lab Saleme, e o caso está sob investigação da Delegacia do Consumidor (Decon) da Polícia Civil. O Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) também instaurou uma sindicância. O incidente está sendo apurado pelo Ministério da Saúde e pela Polícia Civil do RJ.

A secretária estadual de Saúde, Cláudia Mello, declarou que a primeira ação foi transferir todos os exames de sorologia dos doadores desse laboratório para o Hemorio, uma unidade de saúde estadual.

“Assim, a partir do dia 13 de setembro, toda doação é encaminhada diretamente para o Hemorio”, afirmou Cláudia. O departamento irá retestar o material armazenado de 286 doadores.

A SES-RJ se manifestou sobre o ocorrido: “A Secretaria de Estado de Saúde (SES) considera o caso inaceitável. Uma comissão multidisciplinar foi formada para apoiar os pacientes afetados e, de imediato, foram adotadas medidas para garantir a segurança dos transplantados. O laboratório privado, contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender ao programa de transplantes, teve seu serviço suspenso logo após o conhecimento do caso e foi interditado cautelarmente. Com isso, os exames passaram a ser realizados pelo Hemorio.”

“A Secretaria está realizando um rastreio com a reavaliação de todas as amostras de sangue armazenadas dos doadores desde dezembro de 2023, data da contratação do laboratório. Uma sindicância foi instaurada para identificar e punir os responsáveis. Por motivos de preservação das identidades dos doadores e transplantados, assim como do andamento da sindicância, não serão divulgados detalhes das circunstâncias. Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre se destacou pela excelência e, desde 2006, salvou a vida de mais de 16 mil pessoas”, concluiu.

 

 

 

 

 

 

 

 

Com informações do G1*

Foto: Reprodução

Leia mais: Acordo de farmacêutico permite fabricação de medicamento contra HIV, mas Brasil fica de fora

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