No Dia dos Professores, celebrado nesta terça-feira (15), os vereadores de Manaus usaram o espaço na sessão plenária da Câmara Municipal (CMM) para cobrar a valorização da categoria por parte da Prefeitura de Manaus, além de fazer denúncias sobre uso da classe como ‘manobra política’.
Durante a atual gestão, a relação entre os professores e a Prefeitura de Manaus não foi exitosa. Conforme noticiou O Convergente, a classe fez inúmeros protestos pela falta de pagamento do FUNDEB, além do reajuste da data-base e revisão do plano de cargos e carreiras.
Nesta terça-feira, os vereadores voltaram a comentar sobre as polêmicas que giraram em torno da classe da educação e da Prefeitura de Manaus.
“Nossos colegas professores, muitos deles precisam desse olhar do gestor público, não só no dia do professor. Todas as falas que eu ouvi hoje aqui vieram enaltecer a profissão […], mas não queremos só bonitas palavras, queremos a valorização do profissional, valorização salarial, profissionalização […]. Queria que todo mundo que visse o professor com essa mesma sensibilidade, que tivesse também esse discurso para fazer com que o professor seja valorizado”, afirmou a vereadora Professora Jacqueline.
Ainda na sessão, o vereador Bessa (PSB) relatou que o Dia dos Professores não pode ser celebrado com êxito pela gestão municipal, uma vez que não há valorização por parte da Prefeitura de Manaus, mas sim celebrar o empenho dos profissionais da educação que continuam trabalhando mesmo com as adversidades.
“Ele não pagou o Fundeb porque não quis. Porque a Semed gastou com festa, com contratos de veículos, com buffets […]. E aí a gente se pergunta: ‘Que show da Xuxa é esse?’. A Prefeitura apresenta algo que ela não entrega, é um mundo que ninguém enxerga. […] Celebrar o que? A coragem, a determinação, a ousadia do professor hoje. Mas, repudiar tudo o que vem sendo feito durante esses anos!”, apontou o parlamentar.
Ao discursar na sessão plenária, o vereador Rodrigo Guedes (PP) fez uma denúncia de que os servidores da educação estariam sendo obrigados a comparecerem em reuniões políticas do candidato à reeleição David Almeida (Avante).
“Não foi enviado o projeto de lei para dar mais reconhecimento aos professores de Manaus, só ficou na palavra. O que eles fazem muito é achacar professores, é obrigarem os professores a irem em reuniões do prefeito e da base aliada […]. Isso não é reconhecimento dos professores, é usar professores como massa de manobra eleitoral e professor não é massa de manobra de nenhum político sequer”, disparou.
Propaganda VS Realidade
Conforme expôs O Convergente na websérie ‘Manaus Oculta’, durante os 4 anos da gestão de David Almeida, a pasta que foi comandada pela irmã do prefeito, Dulce Almeida, foi o órgão da prefeitura que recebeu o maior orçamento, de acordo com o demonstrativo da Lei Orçamentária Anual, publicado no Portal da Transparência de Manaus.
Em toda gestão de David Almeida, a Secretaria Municipal de Educação teve a disposição R$ 8,1 bilhões do orçamento de Manaus. Mesmo com um orçamento de bilhões, a Semed passou por algumas polêmicas nos últimos anos, como quando a Prefeitura de Manaus tentou aprovar em regime de urgência na CMM um reajuste de pouco apenas 1,25% no salário dos profissionais da educação.
Enquanto cobravam por aumento da data-base e atualização do Plano de Cargos e Carreiras – desatualizado há 10 anos, os professores também precisaram buscar o direito de receber os valores do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica, o Fundeb.
Em consulta ao Portal da Transparência, O Convergente constatou que a Prefeitura de Manaus, em janeiro de 2023, recebeu o valor de R$ 1,4 bilhão de transferências do Fundeb. Apesar desse recurso bilionário, meses depois o prefeito David Almeida informou que não haveria saldo para destinar os recursos para os profissionais a educação.
Outro lado
Com relação a denúncia do vereador Rodrigo Guedes de que os servidores da educação estaria sendo obrigados a irem em reuniões políticas do candidato à reeleição, O Convergente entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação (Semed).
Até a publicação deste material, a pasta não retornou a equipe de reportagem. O espaço segue aberto para esclarecimentos e envio de futuras notas.
*Com informações do O Convergente
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