A Prefeitura de Manaus vai desembolsar uma quantia milionária para continuar com o programa ‘Asfalta Manaus’, apesar das polêmicas de transparência envolvendo os serviços do programa. Entre os contratos renovados, a gestão do prefeito David Almeida (Avante) firmou um novo acordo com a empresa do pai do governador do Acre, Gladson Cameli, apesar da empresa estar sendo investigada pela Polícia Federal.
De acordo com o Diário Oficial do Município (DOM), dois contratos foram renovados com a empresa que tem como sócio administrador Eládio Cameli. Ao todo, a CONSTRUTORA ETAM LTDA vai receber R$ 31,4 milhões dos cofres públicos de Manaus para a realização dos serviços do programa de recuperação das vias da capital amazonense.
O primeiro contrato que foi renovado foi o 039/2022, o qual a empresa fechou acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) pelo valor de R$ 17,5 milhões.
Segundo a publicação, os serviços serão prestados pela empresa no bairro Alvorada 2, localizado na zona centro-oeste de Manaus. A vigência do contrato é de seis meses.
Já o segundo contrato que foi renovado foi o 038/2022, também referente ao programa ‘Asfalta Manaus’ e, desta vez, para serviços no bairro Alvorada 1. Serão pagos R$ 13,8 milhões dos cofres municipais pelo período de seis meses.
Em ambos os contratos, o objetivo é a renovação da prestação de serviços contínuos de recuperação viária em Manaus, por meio do programa criado pela gestão de David Almeida.
A empresa
De acordo com a Receita Federal, a empresa está inscrita no sistema sob o CNPJ 22.768.840/0001-31. No comprovante de situação cadastral, não está informado o nome fantasia do empreendimento.
Ainda conforme a Receita Federal, a principal atividade econômica da empresa é a construção de rodovias e ferrovias e está localizada no bairro Nova Cidade, zona Norte de Manaus.
Ao consultar o quadro de sócios da empresa, é possível verificar o nome de Eládio Cameli como sócio administrador da empresa. O empreendimento possui capital social de R$ 145 milhões.
Investigação
Em 2021, a Polícia Federal iniciou as investigações da Operação Ptolomeu, que já cumpriu 89 mandados de busca e apreensão em seis mandados, incluindo o Amazonas, e o Distrito Federal.
As apurações da PF apontam que o governador do Acre, Gladson Cameli, supostamente, participava de algumas movimentações e comunicações de operações financeiras suspeitas.
Para a PF, o governador do Acre seria o principal beneficiário do suposto esquema de corrupção no alto escalão, com episódios de superfaturamento, propina, empresas fantasmas e movimentações bancárias com altos valores.
O órgão aonda aponta que o esquema era dividido em núcleos compostos pelo próprio governador Gladson Cameli, a então primeira-dama do Estado, Ana Paula Cameli, servidores públicos que ocupavam cargos de confiança no governo e empreiteiras da família Cameli, que atuam no Acre e também em Manaus.
Com as investigações ainda não concluídas, por meio de advogados, Cameli afirmou que já prestou os esclarecimentos necessários e que confia na Justiça.
“O governador já prestou os devidos esclarecimentos, colocou-se à disposição das autoridades e assim permanece. O governador confia na Justiça e irá cumprir todas as medidas”, diz um trecho da nota.
Outro lado
O Convergente entrou em contato com a Seminf, responsável pelo programa Asfalta Manaus, para questionar o posicionamento da mesma com relação aos contratos com a empresa. A equipe também buscou contato com a empresa que teve os contratos renovados pela administração manauara.
Até o fechamento desta matéria, não houve retorno de ambas as partes. Reforçamos que o espaço segue aberto para posicionamentos.
*Com informações do O Convergente
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