O novo Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado na quinta-feira (5), aponta tendência de aumento ou estabilidade de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na maioria dos estados brasileiros. Sete das 27 capitais apresentam crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a SE 48: Brasília (DF), Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Manaus (AM), São Paulo (SP) e Vitória (ES).
Referente à Semana Epidemiológica (SE) 48, período de 24 a 30 de novembro, o estudo traz ainda uma análise do cenário epidemiológico de 2024 no país, que mostra que, até a atualização, foram notificados 164.330 casos de SRAG.
Em Boa Vista e São Paulo, o sinal de aumento está concentrado nas crianças e adolescentes de até 14 anos, em um padrão similar ao destacado nos seus respectivos estados.
Já em Campo Grande, o aumento dos casos de SRAG, além de se concentrar na população infantil e entre adolescentes, também atinge os idosos de 50 a 64 anos. Na cidade de Manaus, o crescimento das hospitalizações se concentra nos idosos a partir de 65 anos.
“Os dados laboratoriais disponíveis até o momento em ambos os estados ainda não permitem identificar com clareza os vírus responsáveis por esse aumento. É provável que o crescimento de SRAG esteja sendo impulsionado por algum vírus que afeta principalmente crianças e adolescente, como o rinovírus, VSR, adenovírus ou metapneumovírus”, observou a pesquisadora do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do InfoGripe, Tatiana Portella.
Para a população desses estados, ela recomenda alguns cuidados especiais, tais como uso de máscaras em locais fechados e dentro postos de saúde. Como a maioria dos casos afetam a população infantil e adolescentes, Portella orienta que, diante de sintomas de síndrome gripal, os pais devem evitar levar às crianças para a escola. “O ideal é que a criança fique em casa se recuperando e evitando transmitir esses vírus para outras crianças. Além disso, é importante que toda as pessoas sejam do grupo elegível, procurem os postos de vacinação”, destacou.
A pesquisadora ressaltou ainda que em crianças e adolescentes de até 14 anos, o rinovírus permanece como o principal vírus responsável pelos casos de SRAG, enquanto a Covid-19 predomina entre os idosos. “Contudo, as hospitalizações associadas a ambos os vírus estão em tendência de queda ou estabilidade na maior parte do país”, informou.
Prevalência de casos e óbitos
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 7,8% para influenza A; 8% para influenza B; 6,6% para VSR; 41,1% para rinovírus; e 28,2% para Sars-CoV-2 (Covid-19).
Entre as ocorrências em 2024, 17,1% foram influenza A; 1,9% foram influenza B; 34,5% foram vírus sincicial respiratório (VSR); 26,7% foram rinovírus; e 19,4% foram Sars-CoV-2 (Covid-19). Em relação aos óbitos, o Boletim constata que, durante o ano, cerca de 10.080 pessoas morreram por SRAG, sendo 5.137 (51%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 4.119 (40,9%) negativos e 171 (1,7%) aguardando resultado laboratorial.