quinta-feira, janeiro 30, 2025

Grande ritual de peregrinação hindu, “Maha Kumbh Mela” tem início na Índia e leva milhares às ruas

Um dos maiores rituais de peregrinação do mundo, o evento deve reunir cerca de 400 milhões de hindus que participarão da cerimônia até 26 de fevereiro.

Com os primeiros banhos em massa nos rios sagrados Ganges, Yamuna e Sarasvati, a Maha Kumbh Mela, um dos maiores rituais de peregrinação do mundo, teve início no último 13 de janeiro, em Prayagraj, no estado indiano de Uttar Pradesh, e deve reunir cerca de 400 milhões de hindus que participarão da cerimônia até 26 de fevereiro.

O evento é realizado a cada doze anos e era aguardado pelos indianos. Já antes do amanhecer de 13 de janeiro, os fiéis começaram a mergulhar nas águas frias na confluência dos três rios para lavar seus pecados, como manda a tradição hindu.

O início do evento foi saudado assim em sua conta no X pelo primeiro-ministro indiano Narendra Modi: “um momento especial que incorpora a imutável herança espiritual da Índia em uma confluência de fé, devoção e cultura”.

Pelo menos 40 mil policiais estão presentes para garantir a segurança e ajudar a controlar as multidões, enquanto câmeras de vigilância com recursos de inteligência artificial garantirão o monitoramento contínuo. A Indian Railways adicionou 98 trens para realizar 3.300 viagens para Uttar Pradesh. Os organizadores instalaram 150 mil banheiros, 68 mil lampiões de rua e montaram uma cidade de tendas que foi totalmente ocupada durante o fim de semana.

A distribuição de bênçãos

Ao som de tambores e em meio a procissões de elefantes e tratores carregados com estátuas de divindades hindus, monges vestidos inteiramente de cor açafrão – que no hinduísmo indica a renúncia aos bens materiais e, por extensão, o valor do sacrifício – e os sadhus, ascetas do rigoroso caminho de disciplina espiritual com seus corpos cobertos de cinzas, começaram a distribuir suas bênçãos. Esses eremitas, somente por ocasião do Kumbh Mela, deixam seus locais de retiro.

Avançando em direção à beira da água, os fiéis entoaram invocações como Har Har Mahadev e Jai Ganga Maiyya, em louvor às divindades hindus Senhor Shiva e Mãe Ganges. Com a ablução ritual, além de lavar os pecados, os peregrinos se libertam do ciclo de vida e morte, renascimento e reencarnação, alcançando o Moksha e, idealmente, fundindo-se com a divindade.

O evento ocorre a cada 12 anos

A primeira crônica da Kumbh Mela data do século VII d.C., com os escritos do monge chinês Xuànzàng. Em vez disso, é o texto sagrado hindu Bhagavata Purana que narra a origem da festividade. A palavra kumbh refere-se a um jarro contendo o elixir da imortalidade que apareceu durante um evento divino chamado “Sagar Manthan”.

Em meio a uma batalha celestial pelo elixir que durou doze dias no tempo divino, equivalente a doze anos humanos, e da qual o deus Vishnu também participou, gotas de néctar (amrita) caíram em quatro lugares – Prayagraj, Haridwar, Nashik e Ujjain – que se tornaram os locais da Kumbh Mela. Ali, os devotos de diferentes seitas hindus, ou Akharas, se juntam em grandes procissões para tomar o “Shahi Snaan” ou banho real, mergulhando no rio sagrado.

A Maha Kumbh Mela (“Grande” Kumbh Mela) se celebra em Payagrai a cada doze anos, mais precisamente após quatro Purna Kumbh Mela, que ocorrem a cada três anos em rotação em quatro locais principais diferentes (como Prayagraj, Haridwar, Nashik e Ujjain), dependendo da posição do Sol, da Lua e de Júpiter. Há também a Ardh Kumbh Mela, em dois locais a cada seis anos.

Os pensamentos de Mark Twain

A Kumbh Mela fascinou até mesmo o escritor estadunidense Mark Twain, um agnóstico declarado, durante uma viagem à Índia em 1895. Em seu diário, ele escreveu: “é fantástico o poder da fé que cria multidões e mais multidões de idosos e fracos, jovens e frágeis, que empreendem sem hesitação ou protesto uma viagem tão incrível e suportam misérias sem reclamar. Isso é fruto do amor ou é feito por medo? Não sei o que é. Seja qual for o impulso, o ato que ele gera está além da imaginação, é maravilhoso para nosso povo, os frios homens brancos”.

Fonte: Vatican News

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