Na noite da última quarta-feira, 12, um indígena isolado fez um contato voluntário com moradores da Comunidade Bela Rosa, entre os municípios de Tapauá e Lábrea, no interior do Amazonas, segundo confirmou a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Descalço e vestindo um traje que cobria apenas a parte íntima de seu corpo, ele demonstrava grande curiosidade e surpresa ao falar com os ribeirinhos da região. A língua falada por ele não foi identificada.
O episódio ocorreu às margens do Rio Purus, a cerca de cinco quilômetros da Base de Proteção Etnoambiental (BPE) da região. Segundo o portal O Convergente, a Funai enviou um comunicado em que esclarece que o contato ocorreu às 19h de quarta-feira e que o indígena pertence à Terra Indígena Mamoriá Grande, cujo acesso foi restrito pelo órgão em dezembro do ano passado.
Após o contato do indígena, um plano de contingência já foi estabelecido em conjunto com a Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) Madeira Purus, pela Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) e pela Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), que iniciaram monitoramento e estabeleceram um cordão sanitário para prevenir riscos ao indígena.
O vídeo
O contato do indígena foi registrado por ribeirinhos da comunidade. Segundo as imagens captadas pelos moradores em um vídeo, o indígena em aparente estado de desorientação diante do novo ambiente e das pessoas ao seu redor.
Ainda de acordo com o vídeo, o indígena gesticula e se comunica de forma não compreendida pelos presentes. Nas imagens, é possível observar que o jovem se impressiona ao ver um morador acender um isqueiro e tenta reproduzir o gesto.
Em outro momento, ele aparece sentado sobre uma mesa de madeira, observando atentamente as chamas no chão, segurando o isqueiro como se tentasse compreender seu funcionamento. Confira:
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A Funai
Ao portal, a Funai informou que, após o contato, foram acionadas equipes da FPE Madeira-Purus, da Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) e da Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), tanto em nível local quanto nacional.
Servidores da fundação e profissionais de saúde também estão se deslocando para o local para acompanhar a situação e prestar a assistência necessária ao indígena.
Conforme a Funai, a Terra Indígena Mamoriá Grande teve sua restrição de uso estabelecida pela fundação em 11 de dezembro de 2024, medida essencial para proteger os povos isolados da região, cuja existência foi confirmada oficialmente em 2021.
“A área de Mamoriá Grande, além de abrigar esses grupos vulneráveis, apresenta cerca de 20% de sobreposição com a Reserva Extrativista (Resex) Médio Purus. A proposta de interdição é resultado dos trabalhos criteriosos e minuciosos de localização e monitoramento de povos indígenas isolados, por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Madeira Purus (FPW MadPur). Tal proposta contou também com um intenso diálogo com os moradores da Resex e baseou-se no plano de manejo da reserva, garantindo o menor impacto possível para a população local enquanto garante a proteção dos povos isolados. Até o momento, a Funai já implementou duas Bases de Proteção Etnoambiental na região para monitorar e proteger o território.”, esclareceu a Funai.
Ainda de acordo com a fundação, a área enfrenta diversas ameaças, incluindo especulação fundiária, conflitos envolvendo moradores da Resex Médio Purus e a ausência de respaldo legal para fiscalização adequada.
Fonte: O Convergente