A administração de Donald Trump deu mais um passo no seu distanciamento das políticas climáticas internacionais ao proibir cientistas norte-americanos de participarem nos trabalhos do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), o principal órgão das Nações Unidas responsável por avaliar o impacto do aquecimento global. A decisão, embora não tenha sido oficialmente anunciada, foi confirmada por fontes familiarizadas com o caso à agência Reuters e a veículos como o Washington Post e a CNN.
A restrição faz parte da postura da administração republicana em desacreditar e minimizar a importância das mudanças climáticas, seguindo a mesma linha da retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, um tratado global que visa reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Desde sua posse, Trump tem adotado uma abordagem cética em relação à ciência climática, priorizando interesses da indústria de combustíveis fósseis e desregulamentando normas ambientais.
Entre os cientistas afetados pela decisão está Katherine Calvin, especialista em mudanças climáticas da NASA e uma das lideranças nos grupos de trabalho do IPCC. Segundo informações do Washington Post, Calvin foi impedida de viajar para uma reunião do IPCC na China. Além disso, a NASA cancelou contratos com um grupo de cientistas que colaboravam com Calvin, sinalizando um enfraquecimento da presença norte-americana nas discussões internacionais sobre o clima.
O afastamento de cientistas dos Estados Unidos das atividades do IPCC pode ter consequências significativas para a qualidade e abrangência das avaliações científicas globais sobre mudanças climáticas. Tradicionalmente, os pesquisadores norte-americanos desempenham um papel fundamental na produção de relatórios do painel, que servem de base para políticas públicas em diversos países. A ausência de vozes e dados científicos dos Estados Unidos pode comprometer a representatividade das análises e limitar o escopo das recomendações do IPCC.