A base aliada do prefeito David Almeida (Avante) na Câmara Municipal de Manaus (CMM) inverteu, nesta segunda-feira, 10, a ordem do dia para votação de projetos e requerimentos e deixar os pronunciamentos dos parlamentares por último. Para o vereador Rodrigo Guedes (PP), a medida foi uma manobra política para blindar a administração municipal e evitar investigações sobre a viagem do chefe do executivo ao Caribe.
O episódio teve início com a proposta de inversão da ordem do dia, que foi colocada em votação a pedido do líder do prefeito, Pastor Eduardo Alfaia (Avante). A mudança visava priorizar a votação de projetos e requerimentos antes dos pronunciamentos dos vereadores, uma mudança que, segundo Guedes, não faria sentido. “Votei contra e disse que era uma manobra para não termos os pronunciamentos dos vereadores”, afirmou o parlamentar.
Votaram contra a mudança, além de Guedes, os vereadores José Ricardo (PT), Carpê Andrade (PL), Sargento Salazar (PL), Coronel Rosses (PL), Rodrigo Sá (PP).
Segundo Rodrigo Guedes, os mais de 20 vereadores pediram questão de ordem e passaram mais de uma hora parabenizando as mulheres pelo Dia Internacional da Mulher. “Claro, todas as mulheres merecem ser homenageadas, mas a maneira como isso foi feito é, no mínimo, suspeita”, criticou o parlamentar.
Zé Ricardo também criticou a inversão de pauta. “Esse é um espaço fundamental e importante para a manifestação dos vereadores e vereadores. Nós estamos há mais de uma semana sem estarmos reunidos e viu, nesse período, o que aconteceu em Manaus, temporais, alagamentos, desmoronamentos […] Por mais que se digam ‘vamos inverter a pauta’, na prática, acaba não existindo”, afirmou Zé Ricardo.
Sessão
A votação dos projetos, contudo, só iniciou após aproximadamente 1h40 minutos de discussões. Isso porque os vereadores se revezaram por quase uma hora destacando o Dia da Mulher e elogiando o prefeito por um projeto que transfere a titularidade de um terreno da Prefeitura para um fundo municipal.
A sessão foi suspensa, ao final, sem o pronunciamento dos vereadores que queriam cobrar explicações sobre a viagem do prefeito ao Caribe e antes da votação dos requerimentos, incluindo o do vereador Rodrigo Guedes.
Outro lado
O Convergente entrou em contato com a Câmara Municipal de Manaus (CMM) e pediu posicionamento sobre o episódio e as declarações do vereador Rodrigo Guedes, mas não obteve retorno de ambas as partes. A reportagem também pediu posicionamento do líder do prefeito na Casa, Eduardo Alfaia, que justificou o pedido para alterar a ordem do dia como uma questão de urgência por conta da matéria que trata sobre a política de habitação.
“Sobre a inversão, tinham matérias extremamente importantes, como a política de habitação, do projeto Minha Casa, Minha Vida, que tinham necessidade de fazer alienação, isso tem uma certa urgência por conta das pessoas que vivem em área de risco. Precisámos agir com urgência nessa questão dos imóveis, tanto é que ela foi aprovada pelo plenário”, afirmou.
Eduardo Alfaia também negou a tentativa de blindagem. “Não foi uma manobra de blindar o prefeito. Eu acho que o vereador Rodrigo Guedes deve ter uma síndrome de paixão pelo prefeito David. O que o prefeito faz na vida particular não é meu papel, nem dele. Ele saiu de recesso legalmente, comunicou a câmara. Não entendo a necessidade dele falar que nós fizemos uma manobra de blindar o prefeito”, pontuou.