Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) revelou que 50,1% das vítimas de mortes violentas no Brasil consumiram ao menos uma substância psicoativa horas antes do falecimento. A pesquisa analisou amostras de sangue post mortem de 4.174 vítimas, abrangendo casos de homicídios, acidentes de trânsito, suicídios e outras causas violentas.
Os dados mostram que 26,7% das amostras testaram positivo para cocaína, 26,2% para álcool, 7,2% para benzodiazepínicos e 1,9% para cannabis. O levantamento indica que o consumo dessas substâncias pode aumentar significativamente o risco de morte violenta. No caso da cocaína, por exemplo, o estudo apontou que seu uso triplica as chances de uma pessoa ser vítima de homicídio.
O perfil das vítimas analisadas no estudo também revela padrões marcantes. A grande maioria era composta por homens (86%), com idade média de 33 anos. Além disso, 72% das vítimas eram pardas, evidenciando um recorte racial na distribuição das mortes violentas no país. Outro dado relevante é o horário e período em que a maioria dos óbitos ocorreu: 51,6% aconteceram à noite, e 36,3% nos fins de semana, momentos em que o consumo de substâncias psicoativas costuma ser mais frequente.
O estudo ainda destaca a relação entre o tipo de droga consumida e a causa da morte. O consumo de álcool, por exemplo, foi fortemente associado a mortes em acidentes de trânsito, um problema recorrente no Brasil. Já o uso de benzodiazepínicos, medicamentos com efeito sedativo, mostrou uma correlação significativa com casos de suicídio. Esses dados reforçam a necessidade de políticas públicas voltadas para a conscientização e controle do uso de substâncias psicoativas, especialmente em contextos de risco, como a direção de veículos ou o uso combinado de drogas.