segunda-feira, abril 7, 2025
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Juiz de SP que mentiu identidade por 40 anos usou nome totalmente fictício

A farsa teve início ainda em setembro de 1980, quando José Eduardo obteve o primeiro RG com o nome falso

O juiz aposentado José Eduardo Franco dos Reis, que atuou por mais de 40 anos na magistratura de São Paulo, foi descoberto utilizando uma identidade falsa baseada em um nome completamente inventado. O caso, investigado pela Polícia Civil de São Paulo, revelou que o magistrado se apresentava como Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield — um nome que jamais existiu em registros oficiais, nem no Brasil, nem no exterior.

As investigações foram conduzidas pelo Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD), que constatou, por meio de laudo papiloscópico, que José Eduardo e o fictício “Edward” possuíam a mesma biometria, comprovando que se tratava da mesma pessoa. Enquanto a identidade verdadeira continha uma certidão de nascimento válida, a outra sequer tinha documentação legal que a amparasse.

Diante das provas, o juiz aposentado foi formalmente indiciado no dia 24 de janeiro de 2025 pelos crimes de uso de documento falso (art. 304 do Código Penal) e falsidade ideológica (art. 299). O caso tramita sob sigilo na Justiça.

A farsa teve início ainda em setembro de 1980, quando José Eduardo obteve o primeiro RG com o nome falso. Com essa identidade, ele cursou Direito na USP, passou no concurso público e ingressou na magistratura paulista, onde atuou por décadas em varas cíveis e assinou inúmeras decisões judiciais com o nome fictício.

A descoberta do esquema ocorreu em outubro de 2024, quando o juiz tentou emitir uma segunda via do RG falso no Poupatempo da Sé. A comparação digital revelou a duplicidade de registros. As investigações ainda revelaram que o ex-magistrado possuía dupla inscrição eleitoral, dois CPFs e chegou a utilizar um passaporte com o nome falso para sair do país após a fraude ser descoberta.

Em 1995, logo após sua nomeação como juiz, José Eduardo chegou a afirmar que era descendente de nobres britânicos e que teria vivido no Reino Unido até os 25 anos. No entanto, em contato com a National Crime Agency (NCA), a Polícia Civil confirmou que não há qualquer registro de existência de “Edward Lancelot” nos sistemas britânicos, desmentindo totalmente a suposta origem nobre.

Na última sexta-feira (4), o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a suspensão da aposentadoria do juiz. O TJ-SP informou que aguarda a análise judicial do caso e, por isso, não comentará os desdobramentos até decisão definitiva.

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