O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Grilagem na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), deputado Jorge Everton (União Brasil), afirmou ter provas contra o governador Antônio Denarium (Progressistas) no âmbito das investigações que apuram um suposto esquema de grilagem de terras públicas no estado.
Durante participação no programa Agenda da Semana, da rádio Folha 100.3 FM, no domingo, 13, o parlamentar apresentou um balanço dos trabalhos da comissão e revelou indícios graves de fraudes, como o uso de “laranjas”, fracionamento ilegal de terras, pagamentos suspeitos e tentativas de beneficiar amigos, aliados e até familiares do governador com áreas públicas.
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“Já encontramos provas do envolvimento do governador Denarium em um esquema de favorecimento com terras públicas. Tem benefícios a aliados, uso de laranjas e até pagamento, com dinheiro da própria conta, de títulos de terra em nome de terceiros”, declarou o deputado, nas redes sociais.
Segundo Everton, um dos casos investigados envolve uma estrada vicinal orçada em R$ 11 milhões, que teria sido construída em frente a terrenos pertencentes ao próprio Denarium. “Tudo está sendo apurado pelos membros da Comissão com extrema responsabilidade e transparência”, disse Everton.
Mapeamento de “laranjas”
Ainda de acordo com presidente da CPI, a comissão tem conseguido acessar sistemas e processos que permitem rastrear e identificar os verdadeiros beneficiários por trás das fraudes. Segundo ele, grandes fazendeiros e milionários estariam utilizando “laranjas” para ocultar a posse de vastas extensões de terras públicas.
“Estamos conseguindo mapear e identificar esses laranjas. Criou-se, hoje, praticamente um feudo de terras no estado. É uma concentração absurda, favorecendo sempre os mesmos grupos”, denunciou.
Insegurança jurídica
Uma das principais problemáticas é o que chama de “instabilidade jurídica causada pelo governo”. Para essa insegurança, o presidente da CPI anunciou a criação de uma força uma força-tarefa entre os Poderes.
Entre as medidas sugeridas estão a criação de uma Superintendência Agrária dentro da Assembleia Legislativa e a instalação de uma vara especializada em questões fundiárias no Tribunal de Justiça de Roraima (TJ-RR). “Roraima precisa de segurança jurídica para avançar com justiça social”, declarou Jorge Everton.
O político reforçou que a CPI tem como objetivo garantir que a terra seja distribuída de forma correta e deixar que a Justiça faça as devidas punições cabíveis. “A CPI não tem o condão de prender e aplicar nenhuma pena, mas temos um papel político de apresentar aos órgãos controle as ações internas que gerarão seja um pedido de impeachment, seja numa cassação, seja um indiciamento”, reforçou.
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Entenda o caso
A CPI da Grilagem foi instaurada em fevereiro de 2025, após denúncia encaminhada pelo Ministério Público de Contas (MPC). O MPC solicitou o afastamento da presidente do Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima), Dilma Lindalva Pereira da Costa, por suspeita de favorecer indevidamente pessoas ligadas ao governo na regularização fundiária da Gleba Baliza, no sul do estado.
Além de Jorge Everton (presidente), integram a comissão os deputados Armando Neto (PL), como vice-presidente; Renato Silva (Podemos), relator; e os membros Marcinho Belota (PRTB), Chico Mozart (PRTB), Neto Loureiro (PMB) e Soldado Sampaio (Republicanos), atual presidente da Assembleia. As investigações seguem em curso.
Outro lado
A reportagem entrou em contato com o Governo de Roraima e solicitou posicionamento sobre as acusações do presidente da CPI, Jorge Everton. A redação também buscou o deputado Jorge Everton para solicitar acesso aos documentos que tratam das denúncias envolvendo o governador Antonio Denarium. Até a publicação, sem retorno de ambos os lados.
Fonte: O Convergente