A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta terça-feira (22/4), o primeiro medicamento voltado ao tratamento dos sintomas iniciais da doença de Alzheimer no Brasil. Trata-se do Kisunla (donanemabe), desenvolvido pela farmacêutica norte-americana Eli Lilly, já autorizado anteriormente nos Estados Unidos.
O remédio é indicado para pacientes nos estágios iniciais da doença, com comprometimento cognitivo leve ou demência leve. Seu princípio ativo, o donanemabe, é um anticorpo monoclonal que se liga à proteína beta-amiloide — responsável pela formação de placas no cérebro associadas ao Alzheimer. A ação do medicamento busca reduzir esses depósitos e retardar o avanço da doença.
Administrado por infusão intravenosa mensal, o Kisunla será disponibilizado em ampolas de 20 mililitros e terá uso restrito à prescrição médica. A Anvisa informou que continuará monitorando a segurança e a eficácia do medicamento, mesmo após sua liberação para uso no país.
A aprovação foi baseada em um estudo clínico internacional, conduzido em oito países, com a participação de 1.736 pacientes em estágio inicial da doença. O protocolo aplicou doses de 700 mg nas três primeiras infusões, seguidas por doses mensais de 1.400 mg. Após 76 semanas de tratamento, os pacientes que utilizaram o donanemabe apresentaram uma progressão clínica significativamente menor em comparação com o grupo que recebeu placebo.
Apesar dos resultados positivos, o medicamento não é indicado para todos os perfis de pacientes. Há contraindicações para pessoas que utilizam anticoagulantes, como a varfarina, e para aquelas com angiopatia amiloide cerebral. Também não é recomendado para indivíduos com o gene ApoE ε4, que estão mais suscetíveis a efeitos adversos.
Entre os efeitos colaterais mais comuns estão reações relacionadas à infusão, como febre, dores de cabeça e sintomas semelhantes aos da gripe.
A doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa progressiva e incurável, caracterizada pela perda de memória, declínio das funções cognitivas e comprometimento da capacidade de realizar atividades cotidianas.
