O Sindicato dos Fazendários do Amazonas (SIFAM) soou o alarme nessa terça-feira (22) sobre o impacto crescente dos preços da alimentação e do transporte coletivo no orçamento das famílias manauaras. Segundo a entidade, o aumento desses dois itens tem pressionado o custo de vida na capital, o que pode comprometer o desempenho do comércio varejista e, por consequência, a arrecadação tributária do Estado.
Com base em dados do Índice do Custo de Vida Colaborativo, do site Expatistan, o SIFAM revelou que o custo médio mensal para uma família de quatro pessoas em Manaus gira em torno de R$ 13.338. Já uma pessoa solteira precisa desembolsar, em média, R$ 6.304 por mês para manter seu padrão de vida na cidade.
O presidente do SIFAM, o economista Emerson Queirós, destacou que os gastos com transporte, alimentação e moradia são historicamente os mais significativos para os amazonenses. Ele criticou o recente reajuste na tarifa do transporte público, classificando-o como um fator que pode frear o consumo justamente em um momento estratégico para o comércio, com a proximidade do Dia das Mães.
“Se os gastos com alimentação e transporte sobem, o consumidor naturalmente recua. Isso afeta diretamente a arrecadação do ICMS”, avaliou Queirós, referindo-se ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, principal fonte de receita estadual.
De acordo com dados cruzados da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz-AM) e da Fecomércio-AM, o comércio de bens, serviços e turismo representou, em 2024, 70% dos empregos formais e 57,5% da arrecadação de ICMS no Amazonas.
Perda do poder de compra preocupa
Em sua análise, Queirós também chamou atenção para a relação entre os reajustes salariais e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ele alertou que, quando os salários não acompanham a inflação, a população perde poder de compra, especialmente em datas sazonais de forte apelo comercial, como o Dia das Mães.
“Na alimentação, ainda é possível trocar marcas ou produtos para economizar. No transporte, porém, essa alternativa praticamente não existe em Manaus”, destacou.
Cesta básica em Manaus segue entre as mais caras do país
Apesar de uma queda de 6,3% no valor da cesta básica em março, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), o custo médio dos 18 itens da cesta em Manaus ficou em R$ 729,93. O valor coloca a capital amazonense entre as sete capitais mais caras do país no quesito alimentação.
O cenário, segundo os fazendários, é preocupante: o encarecimento do custo de vida, somado à estagnação dos salários, pode reduzir o consumo e comprometer o desempenho econômico do Estado nos próximos meses.