O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), que tem Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como vice-presidente, está no centro de uma investigação da Polícia Federal (PF) por suspeita de integrar um esquema bilionário de descontos indevidos sobre aposentadorias do INSS. 1 Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) revelou um salto de R$ 100 milhões no faturamento da entidade nos últimos três anos.
Apesar de a auditoria do TCU não ter encontrado indícios de fraude em uma pequena amostra de filiados, a Controladoria-Geral da União (CGU) identificou problemas mais graves. Em uma seleção de 26 associados, 20 negaram ter se filiado ao sindicato, mesmo com os descontos mensais em seus benefícios.
Em processos judiciais, o Sindnapi tem apresentado documentos como fichas de filiação, reconhecimento facial e áudios e vídeos de aposentados confirmando a filiação. No entanto, advogados alegam que seus clientes são induzidos a se filiarem à entidade ao buscar crédito consignado, já que o sindicato possui uma agência bancária em suas instalações e mantém parcerias para a venda de crédito. O TCU já analisou a questão e constatou que um grande número de novas filiações coincidiu com a celebração de contratos de empréstimo, mas não emitiu recomendações mais severas contra a prática.
O Sindnapi, que leva o nome da central sindical liderada por membros do Solidariedade, é comandado desde 2021 por Milton Cavalo, filiado ao PDT e aliado do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. A mudança de comando gerou um racha político, com o ex-deputado Paulinho da Força (Solidariedade) acusando o esquema de descontos de ser o “maior roubo ao trabalhador da história do país”.
Frei Chico, irmão do presidente Lula, assumiu a vice-presidência do Sindnapi em 2023, ano em que o sindicato registrou o maior aumento de filiados e faturamento. Milton Cavalo nega as acusações, afirmando que a entidade possui 80 locais de atendimento e que nenhum de seus dirigentes foi alvo de buscas da PF. Ele alega que a CGU assustou os associados durante as entrevistas e que a filiação ao sindicato é voluntária. Sobre os créditos consignados, Cavalo defende a legalidade da prática e afirma que os aposentados preenchem fichas, gravam áudios e fazem biometria facial para confirmar a filiação. O dirigente ressalta que outras associações também cometem fraudes e que o Sindnapi apoia as investigações da PF.
