A invasão da Ucrânia pela Rússia e o possível retorno de Donald Trump à presidência dos EUA estão acelerando uma profunda mudança geopolítica na Europa. Como resposta, países da União Europeia — com destaque para a Alemanha — estão revendo suas políticas de segurança e investindo pesado na indústria de defesa, em um movimento de rearmamento militar sem precedentes desde a Guerra Fria.
Um dos sinais mais simbólicos dessa transformação é a ascensão da Rheinmetall, maior fornecedora de defesa da Alemanha, que superou a Volkswagen em valor de mercado, impulsionada pelo triplo crescimento de suas ações desde 2016. Enquanto a Volkswagen enfrenta queda de receita, dificuldades na transição para veículos elétricos e forte concorrência da China, a Rheinmetall avança, inclusive negociando a compra de uma fábrica da Volkswagen em Osnabrück para produção de tanques.
Além disso, fábricas automotivas em Berlim e Neuss estão sendo convertidas para fabricar armamentos e munições, e a KNDS assumiu uma planta da antiga Alstom para produzir tanques Leopard 2. Essa tendência marca uma mudança industrial estrutural na Alemanha, onde a defesa passa a ocupar o papel econômico que já foi do setor automotivo.
A União Europeia já anunciou um investimento de €800 milhões em rearmamento, e a Alemanha, isoladamente, destinou US$ 500 bilhões para reforçar sua capacidade militar. Empresas como Thales, BAE Systems e Rheinmetall se beneficiam da alta demanda por tanques, munições e sistemas de artilharia, consolidando uma nova economia de guerra europeia.
