A Câmara Municipal de Manaus (CMM) reagiu, nesta terça-feira (13), aos recentes protestos de moradores contra as mudanças nas rotas de alguns ônibus da capital. Nos últimos dias, diversos bairros registraram manifestações com queima de pneus e até de veículos, em protesto contra ações da gestão do prefeito David Almeida (Avante).
No último fim de semana, a Prefeitura de Manaus anunciou alterações no itinerário de 11 linhas de ônibus. Segundo nota oficial, as mudanças visam reduzir o tempo de viagem e aumentar a frequência dos coletivos. A nota também informa que, aos fins de semana, algumas dessas linhas passarão a operar com trajeto especial até o Terminal 7, com saída e retorno aos respectivos bairros de origem.
As alterações, no entanto, geraram insatisfação. Na segunda-feira (12), moradores do bairro Lagoa Azul, na zona Norte, incendiaram um ônibus da linha 320 em protesto contra a mudança no itinerário.
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O assunto teve forte repercussão na sessão plenária da CMM nesta terça. O debate foi iniciado pelo vereador Zé Ricardo (PT), que voltou a criticar a gestão municipal e afirmou já ter alertado para uma redução da frota mesmo após o aumento da tarifa para R$ 6,00.
“Na audiência já denunciávamos que a frota de ônibus, ao invés de aumentar, está diminuindo […]. Está aí o resultado, o protesto da população. Você vê que um incêndio da população questionando a retirada de linhas, sem nenhuma informação. Estamos a cada dia retrocedendo mais. Sei que alguns vereadores aqui podem não ter interesse nessa pauta, mas é a pauta da população!”, disse.
O vice-líder do prefeito na CMM, o vereador Raulzinho (MDB), comentou que a Prefeitura de Manaus tem um plano para mobilidade urbana, o qual será encaminhado ao governo federal. “Já está tratando com o governo federal, já houve disponibilidade do presidente Lula em mandar investimento para mobilidade urbana para Manaus”, pontuou.
“Queremos saber realmente o que a Prefeitura está apresentando, se o senhor está dizendo que o prefeito já tem os projetos, que o prefeito apresente aqui nesta Casa”, reforçou o vereador Zé Ricardo.
‘Pedido de socorro’
Na tribuna, o vereador Rodrigo Guedes (PP) comentou sobre o posicionamento de alguns vereadores de Manaus que não se pronunciaram sobre o assunto. De acordo com ele, a Câmara não pode se calar diante dos recentes protestos.
“Não podemos ficar calados, tem várias formas de agir, só não podemos lavar as mãos, isso é inaceitável! Os moradores de Manaus estão sofrendo, o transporte coletivo está piorando […]. Todos os bairros de Manaus tiveram linhas suprimidas!”, afirmou.
Ainda no discurso, o vereador repudiou as ações dos moradores em queimar pneus e ônibus de linha, mas afirmou que isso seria um ‘pedido de socorro’ da população.
“Eu não sou a favor de queima de pneu, mas isso é um pedido de socorro. Não é assim que vamos legitimar essas pessoas que estão lutando por direitos básicos […]. Peço que essa medida de supressão de linhas seja revista, porque se não os moradores continuarão queimando pneus e se continuar assim, é melhor fechar a Câmara”, discursou.
Ao se posicionar sobre o assunto, o vereador Marcos Castilhos (UB) destacou que é contra a atitude da população, mas que houve um equívoco por parte do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) em não fazer uma comunicação prévia sobre as mudanças.
“O que o IMMU se equivoca é que não há nenhuma comunicação prévia junto a esse Parlamento para intermediar com a população […]. Sou totalmente contra esse tipo de depredação que aconteceu de incendiar um ônibus, não podemos utilizar meios de violência”, avaliou.
Já para o vereador Coronel Rosses (PL), os vereadores de Manaus precisam entender a gravidade da manifestação, uma vez que demonstra que os manauaras estariam insatisfeitos.
“É a gravidade que isso se torne comum nos bairros porque o povo está insatisfeito. Aumentou o valor da tarifa, mas não tivemos a melhoria no transporte público […]. Não podemos colocar para debaixo do tapete a revolta da população! […] A população vai se revoltar com esses focos de manifestação, que não foi pacífica”, disse.
O que diz o IMMU?
O Convergente entrou em contato com o IMMU, órgão responsável pela mobilidade urbana na capital, e aguarda um posicionamento.
*Com informações do O Convergente