Apesar de contar com um representante amazonense como vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a cidade de Manaus ficou de fora da lista de sedes da Copa do Mundo Feminina da FIFA de 2027. A exclusão da capital do Amazonas gerou críticas à atuação do deputado estadual Ednailson Rozenha (PMB), que também ocupa a presidência da Federação Amazonense de Futebol (FAF) e, desde março, faz parte da alta cúpula da CBF.
Com o salário de R$ 34 mil como deputado estadual, Rozenha recebe atualmente cerca de R$ 215 mil como cartola (presidente) da FAF, de acordo com uma reportagem da revista Piauí, publicada em abril deste ano.
Mesmo com a atuação em cargo expressivo no futebol nacional e local, o parlamentar está sendo acusado de omissão e ineficiência ao não conseguiu articular a escolha de Manaus como sede da Copa — ao contrário do que ocorreu na Copa do Mundo Masculina de 2014, quando a Arena da Amazônia recebeu quatro jogos do torneio, além de ter sediado partidas das Olimpíadas de 2016.
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A decisão da FIFA, anunciada na última semana, definiu apenas oito cidades-sede: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Salvador, Brasília e Porto Alegre. Nenhum estado da região Norte foi contemplado, o que frustrou expectativas também no Pará, que havia apresentado o Estádio Mangueirão como candidato.
Críticas e acúmulo de funções
A exclusão reacendeu críticas sobre a atuação de Rozenha, que assumiu a presidência da FAF em 2022, ano em que também foi eleito deputado estadual. Dono de uma rede de calçados de luxo e ex-presidente do Fast Clube, ele acumula funções públicas, privadas e esportivas — o que tem levantado questionamentos sobre sua dedicação aos cargos.
Em março deste ano, Rozenha foi eleito vice-presidente da CBF na chapa de Ednaldo Rodrigues, reeleito presidente da organização máxima do futebol brasileiro. Juntos, Rozenha e Ednaldo tiveram apoio unânime das 27 federações para garantirem a presidência.
Rozenha, que vinha se aproximando da diretoria da CBF, conseguiu entrar na chapa e ser eleito vice-presidente, mas não conseguiu articulação política para fazer com que Manaus sediasse a Copa do Mundo de Futebol Feminina em 2027.
Vale lembrar que Manaus foi sede da Copa do Mundo masculina de 2014. A Arena da Amazônia recebeu quatro jogos: Inglaterra x Itália, Croácia x Camarões, Estados Unidos x Portugal e Honduras x Suíça.
Além do Amazonas, outro estado que vivia a expectativa de sediar a competição era o Pará, no estádio Mangueirão. Sem as duas regiões, o Norte ficou sem representantes no Mundial Feminino. A Copa acontecerá no Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul do Brasil.
Rozenha culpa Sedel
Em resposta às críticas, Rozenha usou a tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), nesta terça-feira, 13, para demonstrar “indignação profunda” com a exclusão da região Norte. Em sua fala, o parlamentar transferiu a responsabilidade para a Secretaria de Estado de Desporto e Lazer (Sedel), comandada por Jorge Elias. Segundo Rozenha, a falta de articulação técnica e institucional foi da pasta.
A Sedel, por sua vez, respondeu, em nota enviada ao portal Manaós que todas as exigências técnicas da FIFA foram cumpridas pela Arena da Amazônia dentro dos prazos estabelecidos, e que todas as comunicações com a entidade foram devidamente respondidas.
Resposta
Procurado pelo portal Manaós, o deputado Rozenha não retornou até a publicação desta reportagem. A CBF também foi questionada sobre os critérios técnicos da escolha das cidades-sede, mas ainda não se manifestou sobre o caso.
A Copa do Mundo Feminina da FIFA 2027 será realizada entre os dias 24 de junho e 25 de julho no Brasil, com a participação de 32 seleções. A seleção brasileira está automaticamente classificada por ser o país-sede do torneio.
Confira a nota da Sedel na íntegra:
“A Secretaria de Estado de Desporto e Lazer (Sedel) informa que, ao longo do processo para a escolha das cidades sede da Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino, todas as exigências técnicas feitas pela Federação Internacional de Futebol (FIFA) foram atendidas pela Arena da Amazônia. A Sedel ressalta, também, que toda a comunicação direcionada à secretaria pela FIFA ao longo do processo também foram respondidas dentro dos prazos estabelecidos e com as informações solicitadas.”
Por: Bruno Pacheco
Ilustração: Gabriel Torres
Revisão Jurídica: Letícia Barbosa
