As leucemias são um grupo de cânceres que afetam o sangue e a medula óssea. Elas se desenvolvem a partir da multiplicação descontrolada de células anormais, chamadas de “blastos”, que impedem a produção normal dos glóbulos brancos, vermelhos e das plaquetas. Entre os principais tipos estão a leucemia mieloide aguda (LMA), a leucemia linfóide aguda (LLA), a leucemia mieloide crônica (LMC) e a leucemia linfóide crônica.
Quais são os sintomas?
Os sinais são semelhantes nos diferentes tipos de leucemia e surgem à medida que a medula óssea deixa de funcionar normalmente. Entre os mais comuns estão:
• Cansaço e fraqueza
• Palidez
• Febre persistente
• Infecções frequentes
• Sangramentos inexplicáveis (gengivas, nariz, manchas roxas na pele)
• Dores ósseas ou nas articulações
• Aumento de gânglios, fígado ou baço
• Em alguns casos, vômitos e dor de cabeça (quando o sistema nervoso é afetado)
É importante procurar atendimento médico se esses sintomas persistirem, especialmente quando associados entre si.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da leucemia começa com um exame de sangue simples. Se houver alteração na quantidade e tipo das células, o médico pode solicitar:
• Exame da medula óssea (mielograma ou biópsia): identifica as células doentes.
• Imunofenotipagem: analisa quais tipos de células estão alteradas.
• Citogenética e biologia molecular: avalia o DNA das células para detectar mutações genéticas associadas à doença.
Esses exames são fundamentais para confirmar o tipo de leucemia, definir o tratamento e prever a resposta do paciente.
Por que a genética é tão importante?
Desde 1960, quando os cientistas Peter Nowell e David Hungerford identificaram a translocação dos cromossomos 9 e 22 — conhecida como cromossomo Philadelphia — ficou claro que a genética tem papel decisivo na leucemia. Essa descoberta, por exemplo, levou à criação do medicamento imatinibe, que revolucionou o tratamento da leucemia mieloide crônica.
Hoje, diversos exames genéticos ajudam a prever como a doença irá evoluir e se há maior ou menor chance de cura com determinados tratamentos. Dependendo da alteração genética encontrada, o tratamento pode incluir quimioterapia intensiva, uso de medicamentos-alvo ou até transplante de medula óssea.
Tratamento: cada caso é único
O tratamento das leucemias depende do tipo e do estágio da doença, da idade do paciente e do resultado dos exames genéticos. Pode incluir:
• Quimioterapia
• Medicações-alvo (como o imatinibe, no caso da LMC)
• Transplante de medula óssea
• Tratamento preventivo do sistema nervoso central (no caso da LLA)
Em muitos casos, especialmente entre crianças, a chance de cura pode ultrapassar 70%, desde que o diagnóstico seja precoce e o tratamento adequado seja seguido com rigor.
Mensagem final
A genética trouxe avanços essenciais no diagnóstico e tratamento das leucemias. Hoje, é impensável cuidar de um paciente com leucemia sem avaliar seu perfil genético. A boa notícia é que, com diagnóstico precoce, tratamento adequado e acompanhamento especializado, é possível controlar a doença e aumentar significativamente as chances de cura.
Se você apresenta sintomas persistentes ou conhece alguém que possa estar nessa situação, procure atendimento médico e exija uma investigação completa. A informação e o diagnóstico precoce salvam vidas.
Fonte: Artigos de Revisão • J. Pediatr. (Rio J.) 84 (4 suppl) • Ago 2008 • https://doi.org/10.1590/S0021-75572008000500008 pen-access Leucemia: fatores prognósticos e genética