Com as eleições de 2026 se aproximando, os três senadores do Amazonas — Eduardo Braga (MDB), Omar Aziz (PSD) e Plínio Valério (PSDB) — têm se movimentado com mais intensidade no estado, buscando fortalecer suas imagens junto ao eleitorado, especialmente no interior. Após longos períodos de atuação concentrada em Brasília, a fase agora é de presença física, discursos e agendas estratégicas.
Entre os mais ativos está Eduardo Braga, que no último sábado, 17, esteve presente na missa de sétimo dia de seu pai, o empresário Carlos Braga, falecido na semana passada. No domingo, 18, o senador retomou os compromissos políticos com uma visita à BR-319, onde conferiu o andamento das obras da ponte sobre o rio Curuçá, no município de Careiro da Várzea.
“Obras a todo vapor na nova ponte sobre o rio Curuçá. Mais uma etapa importante para garantir a ligação entre Manaus e o restante do país”, publicou o senador Eduardo Braga nas redes sociais.
O senador é cotado como pré-candidato à reeleição, mas também circula como possível nome ao governo do Amazonas ou até mesmo como vice em uma eventual chapa encabeçada por Omar Aziz. A conclusão da ponte em , prevista para setembro, poderá ser um trunfo em sua campanha, reforçando o discurso de obras e infraestrutura.
Omar Aziz, por sua vez, já anunciou oficialmente sua pré-candidatura ao governo do estado. Neste fim de semana, manteve discrição nas redes, limitando-se a registrar presença na missa do pai de Eduardo Braga.
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No entanto, ao longo da semana passada, Omar Aziz esteve em viagem pelo interior, com destaque para a visita ao município de Humaitá, onde participou da entrega do novo Fórum Desembargador Hamilton Mourão.
A presença ao lado de Hamilton Mourão, senador e ex-vice-presidente no governo Bolsonaro, gerou curiosidade, já que Omar é um dos principais aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Amazonas.
Nos bastidores, o que corre nos corredores é que Omar tem enfrentado um dilema: aceitar ou não Aryel Almeida, filha do prefeito de Manaus David Almeida, como sua candidata a vice-governadora, condição que gestor da capital amazonense estabeleceu para apoiar a candidatura ao governo em 2026.
Quem tem mantido uma postura mais discreta é o senador Plínio Valério (PSDB). No fim de semana, ele compartilhou apenas um vídeo de entrevista a um portal local, onde se apresenta como profundo conhecedor da Amazônia.
Ao O Convergente, a assessoria parlamentar do senador Plínio Valério confirmou que ele é pré-candidato a reeleição em 2026 e que, sobre viagens no Amazonas, que ele tem mantido sua agenda de idas ao interior, assim como o contato com a população local, principalmente, mostrando o resultado de suas emendas parlamentares.
Plínio, que recentemente se envolveu em polêmica ao sugerir “enforcar” a ministra Marina Silva (Meio Ambiente), voltou a criticar o governo Lula, divulgando a assinatura da CPMI do INSS e a destinação de uma ambulância 4×4 para o município de Apuí, sua terra natal.
População reage à movimentação dos senadores
Com a intensificação das agendas políticas no interior do estado, a população também tem reagido a reagir à presença dos senadores nas comunidades. Para alguns eleitores entrevistados pelo O Convergente, o aumento das visitas e dos discursos é visto com desconfiança, típico do período pré-eleitoral.
“É sempre assim: quando vai chegando o período da eleição, é que eles lembram da população. Agora retornam para pedir voto e fazer campanha”, afirmou uma moradora de Manaus, que preferiu não se identificar.
Gerônimo Neto, de 29 anos, que espera votar pela primeira vez em Manaus em 2026, compartilha a mesma opinião: “Infelizmente essa é a nova política. Eles só voltam para perto da população nessa época. Ninguém é mais besta de cair na ladainha deles. Espero que o povo mantenha os olhos abertos.”
Outros, no entanto, reconhecem a atuação de alguns parlamentares. Um professor da rede estadual de ensino, que também preferiu não se identificar, destacou: “Alguns nomes, como o senador Omar Aziz, sempre tiveram presença marcante no interior e merecem ser lembrados. Omar tem feito um bom mandato no Senado, assim como Eduardo Braga, que foi relator da reforma tributária. Mas é preciso sim ficar atento, pois a política precisa de nomes capazes de ajudar o Amazonas.”
A moradora Rocilene Pereira Lima, do bairro Campo Dourado, de Manaus, tem uma visão mais equilibrada. “Concordo que eles estão bem movimentados na mídia, desenvolvendo trabalhos, atuando em projetos, colaborando na visibilidade do nosso Amazonas, Manaus, em todo lugar. Portanto, têm que continuar atuando, mantendo o foco em trabalhos que ajudem o povo e contribuam com os líderes do nosso estado. É preciso também se preocupar com a nossa floresta, o meio ambiente e a geração de empregos”, afirmou.
Já um comerciante de Itacoatiara, que também pediu anonimato, foi mais crítico: “O Amazonas tem perpetuado os mesmos nomes na política há décadas. Eu espero que isso mude a partir da próxima eleição, para que esses políticos não apareçam só quando as eleições se aproximam.”
Movimentação
Para o sociólogo, advogado e analista político Carlos Santiago, que alerta que embora a mobilização dos pré-candidatos seja legítima, é fundamental que o Ministério Público Eleitoral (MPE) e a sociedade estejam atentos a possíveis abusos de poder econômico e político.
“A pré-campanha no Amazonas já começou. Já teve inclusive lançamento de pré-candidaturas ao Governo do Estado. Na mesma linha, Capitão Alberto Neto já declarou que é candidato ao Senado e está trabalhando, viajando pelas cidades do interior, assim como Eduardo Braga, Plínio Valério e o governador Wilson Lima, que tem uma agenda cheia de entregas de obras e investimentos na capital e no interior”, afirmou Santiago.
O analista político destaca que esse ambiente efervescente é impulsionado pela importância das eleições de 2026, que definirão não apenas os ocupantes dos cargos executivos, como o Governo do Estado, mas também a formação do Legislativo estadual e federal.
“Cabe, diante do fato de uma pré-campanha acirrada e já apontando para uma eleição muito competitiva, ao Ministério Público Eleitoral agir para que não haja nenhum tipo de campanha antecipada, abusos do poder econômico e do poder político”, disse o especialista ao O Convergente.
Ao mesmo tempo, Santiago destaca o lado positivo do processo: com mais tempo para expor ideias, a sociedade poderá conhecer melhor os pré-candidatos e avaliar suas propostas.
“Com uma pré-campanha repleta de nomes, a sociedade terá mais tempo para ouvir todos os pré-candidatos nas entrevistas, nas visitas, nas reuniões, para que possa escolher o melhor nome. Não podemos criminalizar a atividade política. O que não pode é o pedido explícito de voto, a campanha eleitoral antecipada”, explicou.
Segundo Santiago, nomes como o senador Omar Aziz, Plínio Valério, Eduardo Braga, Capitão Alberto Neto e a pré-candidata Maria do Carmo já estão em intensa mobilização pelo estado. O governador Wilson Lima, que busca se manter na linha de frente do cenário político, também integra esse grupo.
“Há uma corrida eleitoral antecipada porque a campanha de 2026 será extremamente disputada. Os grupos políticos estão se fortalecendo. Até o governador Wilson Lima está nessa corrida, para conquistar um novo cargo”, destacou.
Para o especialista, participar de reuniões, entrevistas e debates públicos é não apenas legítimo, mas essencial ao fortalecimento da democracia. “Buscar um diálogo maior com a sociedade para debater os problemas do Estado é extremamente positivo. Não podemos criminalizar a política, mas é interessante que o Ministério Público Eleitoral e a sociedade acompanhem, para que não haja abusos.”
Com o tabuleiro político sendo montado com tanta antecedência, a expectativa é de uma eleição polarizada, fiscalizada e, sobretudo, decisiva para os rumos do Amazonas.
Fonte: O Convergente