Moradores indígenas da comunidade Beija-flor, localizada na zona rural de Rio Preto da Eva, a cerca de 80 km de Manaus, denunciaram a grave situação de poluição do igarapé que corta a região. Segundo os relatos, o local que antes fornecia água potável para consumo das famílias hoje está tomado por lixo doméstico, plástico, eletrodomésticos descartados e outros resíduos.
A comunidade indígena, fundada em 1991, abriga 46 famílias das etnias Sateré-Mawé, Tukano, Tuyuka, Mura, Baré, Arara e Baniwa. Segundo o morador e liderança indígena Geocinei Tukano, a poluição está sendo causada por resíduos trazidos da parte urbana do município, especialmente dos bairros Monte Castelo e Doce.
“Venho mostrar a realidade da nossa comunidade. Esse rio era potável, a gente bebia água dele. Hoje está completamente poluído, com lixo vindo da cidade. Tentamos acionar autoridades, mas ninguém nos ouve”, disse Geocinei em vídeo publicado nas redes sociais.
O igarapé segue o curso de dois riachos e deságua em um rio principal, agravando o impacto ambiental para outras regiões. De acordo com os moradores, além da contaminação da água, a situação coloca em risco a saúde da população local e ameaça a preservação ambiental pela qual a comunidade luta há décadas.
Ainda segundo relatos, os indígenas tentam há meses contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e a prefeitura de Rio Preto da Eva, mas não obtêm retorno. “Nunca somos atendidos, mesmo enviando pedidos de ajuda e mostrando a gravidade da situação. O rio está cheio de garrafas pet, plásticos, até pedaços de geladeira”, desabafa Geocinei.
SEMA se posiciona
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA-AM) informou, por meio de nota oficial, que a denúncia feita por Geocinei Tukano já está no gabinete do secretário Eduardo Taveira e que medidas serão adotadas.
“A Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas informa que a denúncia da comunidade Ribeiraflor está em análise e sob responsabilidade direta do gabinete do secretário Eduardo Taveira, que tomará as devidas providências”, diz o comunicado.
A comunidade Beija-flor reforça o apelo para que as autoridades atuem com urgência na remoção dos resíduos, no monitoramento das fontes de poluição e na restauração do igarapé, essencial para a cultura, o abastecimento e a vida dos povos indígenas da região.