A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (29) a oitava fase da Operação Sisamnes, que investiga um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro relacionado à venda de sentenças judiciais no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
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Durante a ação, o juiz Ivan Lúcio Amarante, da 2ª Vara da Comarca de Vila Rica (MT), foi afastado do cargo por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que também autorizou o bloqueio de cerca de R$ 30 milhões em bens e valores vinculados ao magistrado, além da apreensão de seu passaporte.
Os policiais federais cumpriram três mandados de busca e apreensão em Mato Grosso. Segundo as investigações, há indícios de um esquema milionário de pagamento de propinas em troca de decisões judiciais favoráveis, ocultadas por meio de operações de lavagem de dinheiro.
A apuração teve início após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, morto a tiros em frente ao próprio escritório, em Cuiabá, em 2023. A análise de mensagens e arquivos encontrados no celular da vítima revelou elementos que apontam para crimes graves, como venda de sentenças e movimentações financeiras suspeitas, dando origem à operação.
De acordo com a PF, o esquema envolvia um magistrado do TJMT, que negociava decisões judiciais em troca de propina, com sofisticadas estratégias para disfarçar o recebimento dos valores ilícitos.
O crime que deu origem à operação
Roberto Zampieri foi executado com 10 tiros dentro do próprio carro, estacionado em frente ao escritório de advocacia onde trabalhava, em Cuiabá. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que ele foi surpreendido por um homem de boné, que efetuou os disparos pelo vidro do passageiro e fugiu em seguida.
Equipes de socorro foram acionadas, mas a vítima não resistiu aos ferimentos. O atirador, segundo a polícia, ficou cerca de uma hora aguardando que Zampieri saísse do escritório.
Os suspeitos pelo assassinato
A Polícia Civil de Mato Grosso identificou os seguintes envolvidos no crime:
Aníbal Manoel Laurindo: apontado como mandante;
Coronel Luiz Caçadini: acusado de financiar a execução;
Antônio Gomes da Silva: responsável pelos disparos;
Hedilerson Barbosa: intermediador, auxiliar do atirador e proprietário da pistola 9mm usada no crime;
Gilberto Louzada da Silva: com participação ainda não esclarecida.
Todos deverão responder por homicídio duplamente qualificado, caracterizado por traição, emboscada e mediante pagamento ou promessa de recompensa, conforme detalhou a Polícia Civil.
A operação continua em andamento e novas diligências podem ser realizadas nos próximos dias.