Em meio ao colapso da BR-319, única ligação terrestre entre Manaus e o restante do país, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) lançou uma nova licitação para contratação de empresa especializada em supervisão e apoio à fiscalização de operações rodoviárias em 16 estados brasileiros, incluindo o Amazonas.
A licitação, de número 90191/2025, foi publicada nesta segunda-feira, 2, no Diário Oficial da União (DOU) e está dividida em 15 lotes. O edital pode ser consultado no site do DNIT ou no portal de compras do governo federal.
Segundo o documento, o objeto da contratação é a execução de serviços técnicos de fiscalização e supervisão das ações nas rodovias sob jurisdição das superintendências regionais do DNIT nos estados de Mato Grosso, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Tocantins, Alagoas, Amazonas, Santa Catarina, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, São Paulo e Sergipe.
A reportagem do O Convergente procurou o DNIT para obter informações sobre o valor global da licitação, mas ainda não obteve resposta.
BR-319 volta a ser interditada
A nova concorrência pública ocorre em um momento crítico para o Amazonas. A BR-319 voltou a ser totalmente interditada na manhã desta terça-feira, 3, após o rompimento de um cabo de sustentação em uma balsa improvisada sobre o Rio Curuçá, no km 23 da rodovia. A informação foi confirmada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Com o incidente, motoristas e caminhoneiros estão novamente isolados, e longas filas se formaram no trecho. Equipes estão no local orientando o tráfego.
O problema é mais um episódio da série de transtornos enfrentados desde o último sábado, 31, quando a correnteza do rio destruiu o aterro provisório construído após o desabamento da ponte original, ocorrido em setembro de 2022. O DNIT atribui os novos danos à força das águas e ao aumento do nível do rio.
Promessa de nova ponte
Em maio deste ano, o DNIT anunciou que uma nova ponte sobre o Rio Curuçá, com 150 metros de comprimento e 13 metros de largura, está em construção e deve ser concluída até setembro. A estrutura é mais extensa do que a anterior, que caiu em 2022, matando cinco pessoas e ferindo mais de dez. Dez dias após essa tragédia, outra ponte desabou no km 25 da rodovia.
Desde então, a BR-319 tem operado com estruturas provisórias e enfrentado constantes bloqueios e manutenções emergenciais.
Disputa política
A situação da BR-319 também tem gerado embates políticos. Na última semana, a rodovia foi tema de uma discussão acalorada no Senado Federal entre a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e os senadores do Amazonas, Omar Aziz (PSD) e Plínio Valério (PSDB).
Marina, crítica histórica da reestruturação da BR-319, já expôs sua posição contrária à obra, chegando a declarar que a rodovia “só serve para passear de carro”. Em resposta, os parlamentares amazonenses cobram da ministra comprometimento do governo para reconstruir a via, considerada estratégica para o abastecimento e mobilidade do estado.
Pelo âmbito estadual, nomes como o presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputado Roberto Cidade (União Brasil), também tem criticado o abandono da rodovia federal e cobrado mobilização pela reconstrução da via.
Na última semana, Cidade propôs reuniões conjuntas com órgãos estaduais ligados ao tema e, após levantamento dos principais entraves, o encaminhamento das demandas à Brasília.
“A luta pela trafegabilidade na BR-319 existe há mais de 30 anos. Essa é uma pauta que une todos nós, independentemente de bandeiras partidárias. A população não aguenta mais esperar. Os municípios do Sul do Amazonas sofrem com o isolamento. A BR-319 já foi asfaltada no passado. É preciso vontade”, declarou.
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Confira o documento:
Fonte: O Convergente