A Prefeitura de Manaus irá realizar a campanha “Faça Bonito”, coordenada pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual, celebrado em 18 de maio, de forma totalmente virtual.
A ação será desenvolvida por meio de lives, oficinas virtuais, apresentação de vídeos, contação de histórias, entre outros.
A campanha é coordenada há 20 anos pela Gerência de Atividades Complementares e Programas Especiais (Gacpe) da Semed e tem a missão de destacar a data para sensibilizar e mobilizar a sociedade a participar da defesa dos direitos de crianças e adolescentes, além de garantir ao público-alvo o direito ao desenvolvimento de forma segura e protegida, livre do abuso e da exploração sexual.
Mesmo de forma virtual, a campanha acontecerá até o final de maio com a participação das 496 unidades de ensino e os mais de 242 mil alunos da rede. Cada escola será responsável por organizar uma ação de acordo com a sua realidade.
Para a assessora do Gacpe e coordenadora da campanha, Eliana Hayden, a ação é uma forma de alertar os alunos da rede municipal de ensino, sobre as formas de violência, que podem ser praticadas por pessoas próximas à vítima.
“Crianças, adolescentes e as famílias precisam estabelecer um vínculo de confiança, para que a segurança seja fortalecida, e que eles possam falar o que sentem e que saibam identificar o comportamento das pessoas mais próximas e consigam falar algo que os incomodam”, esclareceu Eliana.
Na escola municipal Thomás Meirelles, localizada no bairro de Petrópolis, zona Sul de Manaus, a professora Soraya Freire, que leciona para a turma do 5º ano do ensino fundamental, vai apresentar o projeto “Lembrar é Combater! Esquecer é Permitir!”, criado há 17 anos pela unidade de ensino, depois de uma denúncia feita por um aluno que sofria abusos dentro de casa.
A docente gravou um vídeo com orientação para os alunos e também com mensagens e interpretação de músicas pelos alunos, de acordo com o tema do projeto.
“A triste experiência que tivemos na escola fez com que o nosso olhar para esse assunto ficasse mais criterioso e a educação é uma medida preventiva, que precisa envolver toda a família, que é justamente onde em geral ocorrem os abusos. Outra preocupação é o fato das crianças estarem mais tempo em casa e utilizando a internet, que também é um meio propício para os pedófilos. A informação e a confiança é a melhor prevenção contra esse ato”, comentou a professora.
As 392 crianças que estudam no Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Onias Bento da Silva Filho, na comunidade Aliança com Deus, bairro Cidade de Deus, zona Leste da capital, também terão atividades virtuais com jogos, histórias, brincadeiras, tudo para que as crianças compreendam o tema de forma lúdica.
“A nossa escola está localizada numa zona periférica de Manaus e onde temos vários casos de abuso e exploração de crianças e adolescentes, nós traçamos um planejamento de forma que possamos trabalhar esse tema sem assustar possíveis abusadores, porque nesse momento as crianças estão todas em casa e o material é repassado para os responsáveis, que devem trabalhar junto com os filhos e se, eventualmente, uma pessoa dessa for um abusador, ele não vai repassar as atividades. Então toda a equipe escolar precisa ter muito cuidado com o que é elaborado”, explicou a gestora da unidade, Simone Malveira.
As atividades realizadas pelas escolas contam com o apoio da equipe do Centro Municipal de Atendimento Sociopsicopedagógico (Cemasps) que compõem a Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente.
Origem da Campanha
O dia 18 de maio é o “Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”, instituído pela Lei Federal nº 9.970/2000, uma conquista que demarca a luta pelos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes em todo o país. A escolha da data se deu em virtude de um crime bárbaro, ocorrido em Vitória (ES), no dia 18 de maio de 1973, que chocou todo o território e ficou conhecido como o “Caso Araceli”. Com apenas 8 anos de idade, a menina Araceli Cabrera Sánchez Crespo foi raptada, estuprada e morta por dois jovens de classe média alta daquela cidade. O crime, apesar de sua natureza hedionda, até hoje está impune.
- Redação/Fonte: Érica Marinho / Semed
- Imagem: Arquivo / Semed