Nesta sexta-feira (23), foi liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a importação de 6 milhões de doses da CoronaVac, vacina chinesa que deverá ser produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo.
Essa decisão não inclui o pedido feito pelo governo de São Paulo, para que também seja permitida a importação dos insumos necessários para a produção de outras 40 milhões de doses no Brasil.
A CoronaVac está atualmente na terceira fase de testes, entretanto a Sinovac, farmacêutica chinesa responsável pela vacina, ainda não obteve o registro para aplicação do imunizante, não podendo utilizá-lo na população.
Em relação à segurança da vacina, até o momento, foram apresentados apenas dados parciais por meio do governo paulista, mas eles não foram enviados ao órgão ou publicados em revistas científicas.
A CoronaVac é alvo de disputa política envolvendo o Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria.
Na última terça-feira (20), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou a negociação para adquirir as 46 milhões de doses. Contrariado, o presidente da República ordenou o cancelamento da compra, e o ministério, por sua vez, afirmou que “não há intenção de compra” e substituiu o comunicado no site.
Ao todo, serão adquiridas 46 milhões de doses da CoronaVac através de contrato fechado entre o governo paulista e a chinesa Sinovac. Essas primeiras 6 milhões de doses já virão prontas da China, e as outras 40 milhões serão envasadas e rotuladas no Instituto Butantan a partir de material que será importado.
Mais cedo, também nesta sexta, o diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que o cronograma estipulado pelo governo de São Paulo está mantido, independentemente do que as autoridades paulistas apontam como um atraso da Anvisa na liberação da importação de matéria-prima da China.
No mesmo dia, a agência negou o entrave e liberou a compra das doses, mas a questão da importação da matéria-prima ainda não foi esclarecida.
Em entrevista ao Jornal Nacional nesta quinta-feira (22), Dimas Covas afirmou: “No momento, o que nos importa é a matéria-prima, exatamente porque a fábrica, nossa linha de produção, está nesse momento parada aguardando a chegada dessa matéria-prima”.
Ainda nesta sexta-feira (23), foi anunciado pelo governo de São Paulo a criação de seis novos centros para a realização de testes da CoronaVac em voluntários. Com isso, o total de locais em que a pesquisa é realizada no país aumenta para 22.
A CoronaVac está na terceira fase de testes. O grupo de voluntários é formado exclusivamente por profissionais de saúde. Até agora, 15 mil vacinações foram aplicadas em nove mil voluntários. Cada voluntário recebe duas doses. Com a abertura dos novos centros, a meta é ampliar a pesquisa para o total de 13 mil voluntários.
Durante a fase final da pesquisa, metade dos participantes é inoculada com a vacina e a outra metade recebe placebo. Para determinar a eficácia da CoronaVac, é preciso que ao menos 61 participantes sejam contaminados pelo coronavírus.
Caso o imunizante atinja os índices necessários de eficácia e segurança, poderá ser submetido à avaliação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para registro e posterior uso na população.
A Anvisa reduziu a exigência da documentação inicial, com o objetivo de agilizar o processo de análise de potenciais imunizantes contra o coronavírus, além de simplificar o processo de registro para que os dados dos estudos sejam enviados durante os trabalhos, e não somente ao final.
- Fonte: G1
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