sexta-feira, novembro 22, 2024

Saúde – Pesquisadores brasileiros buscam identificar o risco de transmissão de Covid-19 entre animais de estimação e humanos.

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) busca saber qual o risco de transmissão do novo coronavírus entre humanos e animais de estimação. Em virtude disso, a instituição coordena uma pesquisa nacional com o objetivo de avaliar cerca de mil animais, cujos donos tiveram diagnóstico positivo para a Covid-19, confirmado por exame laboratorial.

Serão feitos testes gratuitos pelos pesquisadores, sob a coordenação do professor Alexander Welker Biondo, por swab (coleta de amostra viral de orofaringe e nasofaringe) e sorológico, em cães e gatos em cinco capitais brasileiras: Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Recife (PE) e São Paulo (SP).

A avaliação ocorrerá em dois momentos, com amostras biológicas coletadas com intervalo médio de sete dias, entre animais cujo tutor esteja em isolamento domiciliar, com diagnóstico confirmado.

De acordo com a UFPR, o estudo brasileiro será o primeiro do gênero em um país tropical, já que algo semelhante só foi desenvolvido na Itália. Segundo o professor Biondo, a Itália trabalhou com uma amostra de 817 animais. Nenhum testou positivo no PCR, mas 3.4% dos cães e 3.9% dos gatos apresentaram anticorpos contra o SARS-CoV-2.

“Até o final de 2020, esperamos ter [no Brasil] em torno de mil amostras nas cinco capitais estaduais”, afirmou o pesquisador.

A definição do número amostral levará em conta o total de indivíduos positivos no trimestre anterior à coleta, considerando aproximadamente 10% do total de casos em humanos.

O financiamento da pesquisa ocorre pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Ministério da Saúde. Em Belo Horizonte, tem a colaboração da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio do Laboratório de Epidemiologia de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Departamento de Parasitologia.

Segundo o coordenador do estudo em MG, professor David Soeiro, considerando os recentes relatos sobre a detecção do novo coronavírus em animais de estimação e a grande proximidade entre eles e seus tutores, é importante elucidar aspectos da história natural da doença, como o possível ciclo zooantroponótico em estudo multicêntrico para a vigilância de Sars-CoV-2 em pets. As amostras obtidas no projeto serão preservadas de modo a também estabelecer um banco para estudos posteriores.

Uma gata de Cuiabá (MT) foi diagnosticada, este mês, como sendo o primeiro caso de Covid-19 em animal no país. Diante do caso, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Mato Grosso (CRMV-MT) emitiu nota na qual destaca que não há evidências científicas de que animais de companhia são fonte de infecção para humanos.

Conforme informações presentes no documento, o CRMV-MT, lembrou que a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiram pareceres afirmando que não há evidências e estudos significativos comprovando que animais possam transmitir a covid-19.

De acordo com o Conselho, por conta disso, não há evidência científica de que animais sejam vetores mecânicos ou possam carregar o vírus, ou que o vírus possa se replicar nos animais.

“O que observa-se, desde o surgimento da pandemia, é que os poucos animais com a infecção podem ter sido infectados por humanos, por meio do contato direto, e não o inverso”, acrescenta a nota.


  • Fonte: Portal O Poder
  • Imagem: Divulgação

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