Neste dia 20 de novembro, é celebrado o Dia da Consciência Negra, referenciando a morte de Zumbi, o líder do Quilombo dos Palmares. Em virtude disso, alguns ativistas do movimento negro de Manaus exaltam a data e a permanente luta por políticas públicas de igualdade racial no Amazonas.
Segundo Lamartine Silva, ativista do movimento Hip-Hop Favelafro, o dia serve como um momento de reflexão e luta para a comunidade negra não só de Manaus como do Brasil. Ele informa que a maioria da população brasileira é negra, porém ainda há uma desvantagem em relação à população branca.
“A importância deste dia ser um feriado é para fazermos uma reflexão, negros, brancos, indígenas e outras raças, que o racismo é ruim. É uma responsabilidade de cada pessoa, inclusive nossa, do movimento negro, lutar contra o preconceito racial e o racismo. Não é um dia de festa, mas de reflexão sobre a importância da gente dizer não ao racismo”, disse Lamartine.
De acordo com Francy Junior, ativista do Movimento de Mulheres Negras da Floresta Dandara e representante da Rede Nacional de Mulheres Negras no combate à violência, enquanto persistir a sociedade desigual, esta data servirá para reflexão e motivação pela luta em prol da igualdade racial.
“Eu vivo o racismo desde os 7 anos de idade, desde que pulei a cerca da casa dos meus pais para ir para a comunidade escolar. Até hoje, isso não mudou. Aos 7 anos, tinha que me defender dos colegas que não gostavam do pigmento da minha pele e me chamavam de macaca, preta, café e tantas outras palavras que machucam. Até hoje, século 21, em 2020, vemos isso na comunidade escolar e professores e professoras ainda acham que é uma brincadeira”, comentou Francy.
Lamartine ressaltou a luta da comunidade negra luta para haver a implantação de políticas públicas de igualdade racial no estado. Segundo ele, esta luta é uma das principais reflexões que a comunidade dá ênfase durante o Dia da Consciência Negra, além da luta diária realizada.
“Por mais que o artigo 5º da Constituição diga que todos nós somos iguais perante a lei, a gente sabe que não somos na prática. Neste 20 de novembro, nós dizemos que gostaríamos que políticas públicas de igualdade racial e que o artigo 5º fosse visto na prática. Nós não queremos supremacia preta, que uma raça se sobreponha sobre outra. Nós queremos que pudéssemos exercer, nas políticas públicas, a igualdade racial”, afirmou Lamartine.
A ativista Francy Junior reafirma a necessidade da criação de políticas públicas no Amazonas para que o cenário de racismo vivido por ela, possa ser alterado. Ela argumenta que em virtude de uma “teoria do branqueamento”, que faz as pessoas não se afirmarem como negras, as políticas públicas de igualdade racial ainda não foram consolidadas no Amazonas.
“Há sujeitos que não querem avançar para essa política de igualdade de racial. A teoria do branqueamento trouxe para a nossa sociedade, principalmente no Amazonas e Manaus, que a população negra é pouquíssima. Houve até um reitor de uma universidade que chegou a dizer que não haveria cota, pois era pouquíssimo o número de pretos na cidade”, lamentou.
- Fonte: G1
- Imagem: Divulgação/G1