sábado, outubro 5, 2024

Saúde – Cientistas que previram o colapso em Manaus alertam uma terceira onda da Covid-19 e pedem restrições mais severas.

Em um artigo publicado em agosto pela revista britânica Nature, pesquisadores brasileiros  previram uma segunda onda de Covid-19 em Manaus e foram descreditados, chamados de alarmistas.

Os mesmos apontam agora para uma terceira onda de infecção na região e, segundo as pesquisas, o Estado do Amazonas corre o risco de espalhar a crise sanitária para todo o território brasileiro se não imprimir, desde já, um lockdown com 90% de adesão e vacinação em massa mais acelerada que no restante do país.

Segundo Lucas Ferrante, biólogo e doutorando do programa de Biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e autor do artigo, a atual segunda onda não é fruto da nova cepa, notoriamente mais transmissível e responsável por mais mortes no Amazonas, mas sim, fruto da negligência do governador e prefeito da capital por não terem aderido à medidas restritivas mais severas por algumas semanas no ano passado.

“Não existe lockdown em Manaus hoje, apenas um isolamento parcial que já sofre pressões para a reabertura da cidade.” disse Lucas

Segundo Ferrante, que se reuniu com Davi Almeida em 21 de janeiro, embora receptivo, o prefeito ainda não tomou nenhuma medida para impedir uma terceira onda de infecção na região.

O Estado do Amazonas teve um aumento de mais de 600% na média de mortes por Covid-19 se comparadas a última semana de dezembro com a última semana de janeiro.

Segundo Jessem Orellana, epidemiologista da Fiocruz/Amazônia, a flexibilização do lockdown foi muito precoce, visto que não existem dados epidemiológicos claros quanto à diminuição de casos no Amazonas. No entanto, Orellana não se mostra surpreso, uma vez que o mesmo ocorreu na transição da primeira para a segunda onda de Covid-19.

“É MAIS UMA RESTRIÇÃO DO QUE ESTAMOS ACOSTUMANDO A VER NO AMAZONAS, A NATURALIZAÇÃO DA DESGRAÇA, A NATURALIZAÇÃO DA MORTE NUM EVENTO BANAL“. disse orellana.

O epidemiologista reitera que se há circulação de pessoas, há a circulação do vírus e, então, aumento do número de doentes e de doentes graves que podem evoluir para óbito, principalmente pela existência de uma nova variante mais transmissível, a P1.

Para ele, o presidente Jair Bolsonaro falhou em administrar a crise, incitando o uso de medicações sem eficácia comprovada cientificamente, além de negligenciar a letalidade do vírus, indo contra todas as pesquisas cientificas até então publicadas e manter-se omisso quanto a crise enfrentada no Amazonas.

“O Amazonas é o pior exemplo desse fracasso monumental do Brasil em controlar a pandemia.” disse orellana.

Orellana afirma ainda que os governantes não cederam ao lockdown para salvar vidas, de forma espontânea, mas sim, por pressão do legislativo.


  • Fonte: Beatriz Trindade – Redação Portal Manaós.
  • Imagem: AP foto

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