O dilema e motivo de debate que paira nesse momento sob a educação é: quais riscos/benefícios do retorno das atividades escolares para os estudantes?
O debate se reacendeu após o prefeito de Porto Alegre, Eduardo Leite, determinar que as aulas da Educação Infantil e do 1º e 2º ano do Ensino Fundamental podem ser retomadas presencialmente.
Presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), a professora e socióloga Maria Helena Guimarães de Castro, acredito que “é importante o retorno dos alunos respeitando protocolos sanitários, máscara, distanciamento, salas de aula com menos alunos alternando com ensino remoto. Além de todo cuidado também com a saúde de todos que trabalham nas escolas”.
A fala da socióloga converge com a pesquisa encomendada pela AEPEI (Associação de Escolas Privadas de Educação Infantil do Rio Grande do Sul) em que 97% dos pais e responsáveis entrevistados afirmam que necessitam que seus filhos continuem frequentando diariamente a escola para poderem trabalhar.
A AEPEI afirma que menos de 1% das crianças que frequentaram as escolas infantis em Porto Alegre se infectaram.
A entidade também destacou que “as instituições de ensino estariam promovendo um alento tanto às crianças quanto aos pais que necessitam, principalmente, da Educação Infantil para trabalhar com tranquilidade”.
A discussão vem em um momento em que a capital gaúcha registra aumento nos números de infectados e ocupação de UTIS. Apenas nesta terça-feira (23), a rede de saúde chegou a ter 97,35% dos leitos ocupados.
Jesem Orellana, epidemiologista da FioCruz, alerta sobre pais que querem o retorno das aulas para ter onde deixar seus filhos, sem se importar com sua saúde educacional e psicológica.
“Temos visto algumas pessoas que defendem o retorno das aulas, mas, na verdade, veem as escolas como depósito para os filhos. É uma situação complicada. O exemplo de Manaus é como uma oportunidade de reflexão. Em Manaus é comum, além das escolas, em paralelo, ter um mercado de reforço das aulas. A responsabilidade da educação é transferida a um sistema de ensino integral e paralelo” lamenta o especialista.
“O retorno só pode ser feito se tiver todas as condições sanitárias e epidemiológicas, que devem ser avaliadas de forma responsável” finalizou.
A infectologista pediátrica Livia Esteves lembra que o Brasil é um dos poucos países que mantiveram escolas públicas fechadas durante quase todo o ano, afetando principalmente as famílias mais vulneráveis.
“Dificuldade de acesso ao ensino remoto, evasão escolar e desigualdade de oportunidades, atingindo em cheio a saúde, empregabilidade e expectativa de vida dos jovens são ainda outros agravantes” define a infectologista.
- Fonte: Portal GHZ
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