Equipes de resgate trabalham há três dias para tentar desencalhar o cargueiro Ever Given no Canal de Suez. Autoridades dizem que a embarcação só será liberada na quarta-feira da semana que vem.
O navio de 400 metros de comprimento e 220 mil toneladas desviou-se do curso na terça-feira (23/03), em meio a uma tempestade de areia e a fortes rajadas de vento que atingiram o Egito e partes do Oriente Médio. O cargueiro encalhou, bloqueando toda a navegação entre o Mediterrâneo e o Mar Vermelho nas duas direções.
Segundo as autoridades locais, será necessário remover entre 15 mil e 20 mil metros cúbicos de areia para atingir uma profundidade de 12 a 16 metros. Essa profundidade provavelmente permitirá que o navio flutue livremente novamente.
Importância Econômica do Canal
A rota marítima já pertenceu aos franceses e aos ingleses. Hoje, ele é administrado pela Autoridade do Canal de Suez, controlado pelo Estado egípcio.
Cerca de 12% do comércio mundial depende da travessia para destinar petróleo, grãos, automóveis para o ocidente. Todo o tráfego está atrasado com o Ever Given encalhado no sul do canal, complicando ainda mais as cadeias de abastecimento globais que já foram fortemente impactadas pelo boom do comércio eletrônico associado à pandemia.
Para Salvatore R. Mercogliano, especialista em assuntos marítimos e professor de história da Universidade Campbell, da Carolina do Norte (EUA), o bloqueio pode ter “enormes ramificações para o comércio mundial”.
“A cada dia que fecha o canal, os navios porta-contêineres e petroleiros não entregam alimentos, combustíveis e produtos manufaturados para a Europa e nenhuma mercadoria é exportada da Europa para o Extremo Oriente.”
Os navios afetados tiveram suas rotas redirecionadas para o Cabo da Boa Esperança, na África. Sete navios-tanque transportando gás natural liquefeito (GNL) foram desviados na sexta-feira, depois que o bloqueio causou a suspensão do tráfego no canal.
Combustíveis
O Canal de Suez é um dos mais importantes meios de travessia de petróleo e gás natural entre Oriente Médio e Europa. O incidente está afetando os mercados mundiais de petróleo devido a atrasos nas entregas.
Os fluxos de petróleo através do Canal de Suez e do oleoduto SUMED (construído no próprio Golfo de Suez) representaram cerca de 9% do petróleo mundial total comercializado por mar e 8% do gás natural liquefeito.
Devido às especulações do mercado, os preços mundiais do petróleo subiram mais de 6% na quarta-feira após a suspensão do tráfego no canal, embora tenham caído ligeiramente novamente na quinta-feira.
Como se sabe, o preço dos combustíveis imposto pela Petrobras varia de acordo com o mercado internacional, o que traria grandes prejuízos, também, ao Brasil.
- Fonte: Redação Portal Manaós / O Globo
- Imagem: EFE/EPA/SUEZ CANAL AUTHORITY / Divulgação / REUTERS