O habeas corpus concedido pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao governador do Amazonas Wilson Lima (PSC) foi um dos assuntos mais comentados desta última quinta-feira (10). A medida permitiu a Lima faltar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que investiga supostas omissões e irregularidades nas ações governamentais de enfrentamento ao vírus.
A magistrada determinou que o governador poderia decidir, por livre e espontânea vontade, se compareceria à comissão, e ele decidiu não ir. Seu depoimento estava marcado para 9h, e nele seria questionado sobre assuntos como o desvio de verbas da saúde pública e o colapso hospitalar vivenciado em janeiro pelo estado.
O ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, disse apoiar o STF, mas fez duras críticas ao Chefe do Executivo estadual. Afirmou veemente que o governador está fazendo um papel vergonhoso, e que o mesmo não possui caráter, nem competência, para combater o vírus.
Sou reverente ao Supremo Tribunal Federal e respeito a ministra Rosa Weber. Vergonhoso é o papel do governador do AM, Wilson Lima, que se cala por saber os crimes que praticou. Uma pessoa altiva, apesar de amparada por decisão do STF, nunca se calaria diante de graves acusações.
— Arthur Virgílio Neto (@Arthurvneto) June 10, 2021
O deputado federal José Ricardo (PT), também pelas redes sociais, chamando Lima de “fujão”. Ainda destacou o fato dele, em várias oportunidades, ter apoiado as ações do presidente da república Jair Bolsonaro, as quais são vistas por Ricardo como negacionistas e retrógradas.
Para não depor na CPI da Covid no Senado, governador Wilson Lima consegue no STF, com a ministra Rosa Weber, decisão para não ir. É o fujao. Apoiador do Bolsonaro, ele tem responsabilidades pela crise da saúde no AM, com falta de oxigênio e UTI, e mais de 13 mil mortes
— Zé Ricardo (@ZeRicardoAM) June 10, 2021
O senador do Amazonas Eduardo Braga (MDB-AM) disse respeitar a decisão do Supremo, mas lamentou “que o povo do Amazonas não tenha oportunidade de ouvir as explicações do governador”.
Na CPI da Pandemia, há pouco, reiterei minha opinião sobre a ausência do governador Wilson Lima, do AM, no colegiado: ele perdeu uma oportunidade para esclarecer à opinião pública do Estado por que tinha R$ 478, 1 milhões no Fundo Estadual de Saúde.
— Sen. Eduardo Braga (@EduardoBraga_AM) June 10, 2021
Por último, o presidente da CPI da Pandemia e senador do Amazonas, Omar Aziz, disse hoje que vai recorrer da decisão da ministra Rosa Weber de autorizar o governador do Amazonas a não comparecer à Comissão. Ao abrir a sessão, ele afirmou que Wilson Lima perdeu “uma oportunidade única”.
Informo que a CPI vai recorrer da decisão da ministra Rosa Weber, de autorizar o Governador do Amazonas, Wilson Lima, a não depor. https://t.co/hwp97zRLoG
— Omar Aziz (@OmarAzizSenador) June 10, 2021
A repercussão também foi observada nos pronunciamentos de políticos de outros estados do país. Como o senador Jorge Kajuru (Podemos-GO), ao escrever em suas redes sociais que a notícia “era muito previsível”.
Para o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), a medida do Supremo é didática como a expressão “cada macaco no seu galho”. Na opinião do parlamentar, cabe às assembleias abrir CPIs para investigar seus governadores e demais autoridades estaduais.
“É razoável investigar 5.565 prefeitos, 27 governadores Brasil afora? Não se trata de ser leniente com o governador do Amazonas, que, inclusive, já está denunciado e terá o que merece na Justiça, graças ao célere (e seletivo) trabalho da PGR. Uma CPI federal deve priorizar o que a PGR ignora solenemente: a omissão criminosa do governo federal”, compartilhou.
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, o senador Humberto Costa (PT-PE) informou que, na reunião marcada para começar às 9h30, os senadores irão solicitar estudo da Consultoria Jurídica do Senado que oriente a condução da investigação junto aos estados. Segundo o senador, no caso de governadores não poderem comparecer, secretários ou ordenadores de despesas poderão ser chamados para prestar esclarecimentos à CPI.
Humberto disse ainda que os parlamentares devem votar requerimentos de quebra de sigilo, principalmente de comunicação, de integrantes e ex-integrantes do governo e confirmar depoimentos já colhidos e identificados pelos senadores como “não fiéis à realidade”.
- Fonte: O Convergente / Agência Senado.
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