sábado, outubro 5, 2024

Política – Depoimento de Luciano Hang na CPI da Covid é marcado por tumulto e troca de acusações.

O depoimento do empresário Luciano Hang à CPI da Covid na quarta-feira (29), foi marcado por tumulto e trocas de acusações. Por diversas vezes, a sessão foi interrompida por senadores favoráveis e contrários ao governo após divergências de opiniões.

No depoimento, o empresário afirmou ser favorável a vacina e afirmou que soube pela CPI da Covid que a Prevent Senior omitiu do atestado de óbito de sua mãe que ela morreu em decorrência de complicações causadas pela Covid-19.

O empresário, dono da rede de lojas Havan e apoiador do governo Bolsonaro, é acusado de pertencer ao chamado “gabinete paralelo”, grupo que atuou informalmente junto ao Ministério da Saúde nas decisões relacionadas ao combate à pandemia. Esse grupo é acusado de contribuir para a disseminação de fake news sobre a doença, de promover tratamentos sem comprovação científica e defender a “imunidade de rebanho” em detrimento do distanciamento social e da vacinação em massa.

Em uma de suas falas, Hang rejeitou a pecha de “negacionista” e disse ser favorável à vacina. Afirmou que a CPI desrespeitou a memória de sua mãe, Regina, que morreu de Covid em fevereiro em um hospital da empresa Prevent Senior, investigada pela comissão.

“Fiquei sabendo através da CPI que tanto o atestado de óbito quanto o prontuário da minha mãe foi pego. E que lá no atestado de óbito não constava Covid. Eu sou leigo, não sei o que tem que botar no atestado de óbito”, declarou Hang.

Respondendo às perguntas iniciais de Renan Calheiros, Luciano Hang admitiu possuir contas no exterior e empresas offshore, ressalvando que todas estão declaradas à Receita Federal. Perguntado se recebeu benefícios fiscais, Hang disse que a Havan tem negócios em quase todo o país e que em alguns estados e municípios sua empresa faz jus a benefícios por lei.

Hang negou ter recebido financiamento de instituições públicas, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O empresário reconheceu, no entanto, ter recorrido à Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame), subsidiária do BNDES, para comprar máquinas.

“Na pandemia, bancos estatais chegaram a oferecer dinheiro para mim. Peguei do Bradesco, do Itaú, do Santander. Me ofereceram de outros bancos. Eu disse: Na-na-ni-na-não. Eu não vou pegar dinheiro de nenhum banco estatal, sob pena de lá na frente dizerem: Olha só. Está sendo financiado com dinheiro público. Foi para isso que ele apoiou o presidente. Não peguei um centavo”, afirmou.

Ao longo de toda a oitiva, senadores se queixaram do andamento dos trabalhos. Os opositores ao governo acusaram Hang de fazer propaganda de suas empresas e dar respostas sem relação com o objeto da CPI. Os governistas, como os senadores Marcos Rogério (DEM-RO), Jorginho Mello (PL-SC) e Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), acusaram o relator de ofender o depoente, ao fazer uma referência a “bobos da corte” que cortejam os poderosos; de cercear o direito de Hang responder como entendesse apropriado; e de fazer perguntas sem relação com a investigação.

O senador Rogério Carvalho (PT) declarou ter sido ofendido por um dos dois advogados de Hang. Depois de prolongada discussão, o presidente da CPI, Omar Aziz decidiu pela retirada do advogado e suspendeu a sessão.

“O momento é de muita cautela, porque sabíamos que isso ia acontecer”, concluiu Omar, referindo-se à tumultuada oitiva.


  • Fonte: O Convergente.
  • Foto: Divulgação.

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